Novena de Nossa Senhora do Carmo 2020 - Família Carmelita da Região Ibérica

Amarrados a Maria

Primeiro dia: Maria, Estrela do Mar

Segundo dia: Maria, Senhora do lugar

Terceiro dia: Maria, mulher de oração

Quarto dia: Maria e o serviço

Quinto dia: Maria, mulher humilde

Sexto dia: Maria, irmã dos carmelitas

Sétimo dia: Maria, protetora na vida

Oitavo dia: Maria, formosura do Carmelo

Nono dia: Maria e o Escapulário

16 de Julho: Maria, nossa Mãe 

PRIMEIRO DIA: MARIA, ESTRELA DO MAR

Texto bíblico: 1 Rs 18,41-45

Elias subiu ao cume do Carmelo e prostrou-se por terra, com o rosto entre os joelhos. Disse ao seu servo: “Sobe e olha para o lado do mar”. Ele subiu, olhou e disse: “Não vejo nada!” E Elias disse: “Volta sete vezes”. Na sétima vez, o servo disse: “Eis que sobe do mar uma nuvem, pequena como a mão de uma pessoa”. Então Elias disse: “Vai dizer a Acab: Prepara o carro e desce, para que a chuva não te detenha”. Num instante o céu escureceu com muitas nuvens e vento e caiu uma forte chuvada.

– O mar (água) é símbolo da vida. Maria guia-nos quando o mar da nossa vida está calmo, mas também no meio das tempestades e tribulações por que temos de passar.

– Maria é o farol que nos guia na vida e na morte, que nos mostra novos caminhos.

- Iluminando o nosso íntimo. Maria ilumina um novo caminho, a sua vida foi um resplendor brilhante da vida e ela é exemplo para nós, para que também nós irradiemos a luz que ela nos trouxe: a luz de Deus.

SEGUNDO DIA: MARIA, SENHORA DO LUGAR

Texto bíblico: Lc 2, 39-40.

Tendo cumprido tudo segundo a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. Entretanto, o menino crescia e tornava-se robusto, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

Numa história antiga anónima, escrita entre 1220-1231, intitulada A Cidade de Jerusalém, o autor anota que «Nesta mesma montanha [do Carmelo]…, abaixo desta abadia [de Santa Margarida], na encosta, acha-se o lugar onde Santo Elias habitou… [Aí] há um lugar muito belo e deleitoso, onde habitam os eremitas latinos que se chamam os Irmãos do Carmo, onde há uma pequenina Igreja da Santa Virgem, muito bela. Naquele terreno há grande abundância de águas saudáveis que jorram dos penhascos» (Michelant, Henri – Raynaud, Gaston, éd., Itinéraires de Jérusalem et descriptions de la Terre Sainte, Genève: J. G. Fick, 1882, pp. 104.180).

Segundo Arnaldo Bostio, “o Carmelo é todo de Maria”. Tudo é propriedade dela: a Ordem, as Igrejas, os claustros, os mosteiros, o hábito, a capa, a vida dos religiosos, os seus dons e talentos, os livros que escrevem, etc. Tudo lhe pertence como herança. Maria é “a Senhora da nossa vida.

– Nós devemos deixar Maria viver em nós. Maria não deve estar fora do Carmelita, mas é preciso que ele viva uma vida semelhante à de Maria, que viva com, em, através de e por Maria.

– Mulher crente e peregrina, Maria esteve em muitos lugares, mas fez sempre a vontade de Deus, adaptando-se aos lugares e às situações. Onde quer que estejamos, façamos a vontade de Deus.

TERCEIRO DIA: MARIA MULHER DE ORAÇÃO

Texto bíblico: Lc 1,26-38

No sexto mês, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem da casa de David, chamado José; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, o Anjo disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: “Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás no seio e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus dar-lhe-á o trono de David, seu pai; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim”. Maria disse ao Anjo: “Como será isto, se eu não conheço homem?”. O Anjo respondeu-lhe: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. A tua parenta Isabel também concebeu um filho na sua velhice e este já é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível”. Maria disse então: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.

– Maria é o testemunho mais vivo do que é ser contemplativo. “O Carmelo é sinónimo de vida interior”; “Do silêncio e da oração, nascerão comunidades renovadas e ministérios autênticos”; “É-se contemplativo onde o amor se torna ativo”; “São os carmelitas que nos ensinam a rezar” (Bento XVI).

– Maria é uma mulher silenciosa, com um olhar firme, atenta às necessidades da sua realidade e mesmo quando não entendia nada, guardava tudo no seu coração para aceder à vontade de Deus.

– “O Senhor também nos envia o seu anjo para continuamente nos pedir que abramos o nosso coração à Luz do mundo, para a podermos levar como uma lanterna. Também nós devemos receber Deus no nosso coração, levá-lo no nosso coração, alimentá-lo e fazê-lo crescer em nós de tal modo que Ele nasça e viva connosco, como o Emmanuel, o Deus connosco “(B. Tito Brandsma, Congresso Mariológico, Tongerloo, agosto de 1936).

QUARTO DIA: MARIA E O SERVIÇO

Texto bíblico: Lc 1,39-45

Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino estremeceu-lhe no ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Soltando um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que venha a mim a mãe do meu Senhor? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que acreditou no cumprimento do que lhe foi dito da parte do Senhor!”

– Maria, que conservava e meditava tudo no seu coração, ensina-nos a buscar e a reconhecer os sinais da presença de Cristo na vida quotidiana e a tornar-nos discípulos do Senhor, escutando e pondo em prática a Palavra.

– Maria ensina-nos a seguir o caminho do serviço aos outros e mostra-nos que se não vivemos para servir, não servimos para viver… Ao servir e ao tocar as feridas dos outros, é possível adorar.

– Maria ensina-nos o caminho da gratidão e da total confiança em Deus. Ensina-nos a fazer a ponte entre a contemplação e a compaixão.

– Procuremos cumprir a vontade de Deus na nossa vida quotidiana.

QUINTO DIA: MARIA, MULHER HUMILDE

Texto bíblico: Lc 1,46-56

Maria disse então: “A minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade da sua escrava: desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações. Porque o Poderoso fez em mim grandes coisas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Agiu com a força do seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos e exaltou humildes. A famintos encheu de bens e a ricos despediu vazios. Acolheu a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre!”. Maria permaneceu com ela cerca de três meses e depois voltou para sua casa.

– Ao escutar a saudação de Isabel, Maria não se fixou em si, mas logo remeteu a Deus o louvor que recebera da sua parente.

– “A humildade é andar na verdade”, diz S. Teresa de Jesus. E a via da verdade é saber isto, como Jesus ensinou a S. Catarina de Sena: “Eu sou o Tudo e tu és nada”. Maria aceitou depender de Deus, deixou que Ele nela realizasse a sua obra, que fizesse tudo o que Ele queria, mesmo quando não via, mesmo quando não percebia. E por isso é capaz de se aproximar de todos, mesmo os mais pequenos e humildes.

– Maria soube reconhecer os dons que recebeu, pessoalmente e no seio do Povo de Deus, e soube agradecer. Em tudo via a misericórdia de Deus, que olha para o que é humilde e se compraz em exaltar os pequeninos.

Procuremos ser humildes agradecendo aos outros tudo o que nos fazem, agradecendo a Deus tudo o que nos dá e tudo o que nos deixa fazer aos mais pequeninos e desprotegidos dos homens.

SEXTO DIA: MARIA, IRMÃ DAS CARMELITAS

Texto bíblico: Mt 12,46-50

Estando Jesus ainda a falar às multidões, a sua mãe e os seus irmãos estavam do lado de fora, procurando falar-lhe. Alguém lhe disse: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo”. Jesus respondeu àquele que o avisou: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, disse: “Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos, porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.

– Desde a nossa origem, nós, carmelitas, apresentamos Maria como nossa irmã mais velha, que nos precede no caminho da maturidade na fé ...

– Maria soube, a partir da sua condição de criatura, colaborar com o plano de Deus e trabalhar no plano de Deus nela. H. Schalück escreveu: “Deus deixou um toque de imperfeição nas coisas, quando criou o mundo. Ele ordenou que a terra produzisse o grão, mas não o pão; o homem teve de aprender a amassar e a cozer. Ele não fez os tijolos, nem as casas, mas o barro; os tijolos e as casas são obra do homem. Deus chama-nos a colaborar na criação do mundo. Os homens devem continuar a completar a obra de Deus. Maria, como irmã, é um modelo de humanidade que, na sua liberdade, diz um “sim” confiante e alegre à obra de Deus, colaborando ativamente no seu crescimento.

– Maria exerceu a sua realeza a partir da proximidade e da intimidade da mulher que sabe que é irmã e companheira de fadigas. Maria não é um arquétipo simbólico, é uma mulher histórica, uma mulher da nossa raça. Da nossa natureza. Mulher e não deusa. Modelo para mulheres e homens do século XXI. A crente, a peregrina da fé, aquela que serviu Isabel, a pobre de Belém, a quem sofreu pelo Filho, a que acompanhou os apóstolos e os irmãos de Jesus, aguardando a vinda do Espírito Santo.

SÉTIMO DIA: MARIA, PROTETORA NA VIDA

Texto bíblico: Jo 2,1-11.

Naquele tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento. A certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora». Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Havia ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, e cada uma levava duas ou três medidas. Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles encheram-nas até acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». E eles levaram. Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho, – ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam – chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora». Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.

– Maria faz de medianeira e intercede pelo casal de Caná; também intercede por nós, na nossa vida, diante de seu Filho.

– A mãe alimenta, dá vida, protege e está presente em qualquer circunstância da nossa vida quotidiana.

– Maria convida-nos a fazer sempre o que Jesus nos diz. A qualquer pergunta que lhe façamos, ela continua a dizer-nos: “Faz tudo o que Ele te disser...”

 

OITAVO DIA: MARIA, FORMOSURA DO CARMELO

Textos bíblicos: Jdt 15,9; Is 35,1-2

– “Tu és a glória de Jerusalém, tu és a alegria de Israel, a honra do nosso povo” (Jdt 15, 9).

Alegrem-se o deserto e a terra seca, rejubile a estepe e floresça como o narciso; cubra-se de flores, sim, rejubile com grande júbilo e exulte. Ser-lhe-á dada a glória do Líbano, a formosura do Carmelo e do Saron. Eles verão a glória do Senhor, a formusa do nosso Deus (Is 35,1-2)

– “A devoção a Maria é uma das flores mais deliciosas do jardim de Carmelo. Eu diria que é como um girassol. É uma flor que se eleva acima de todas as outras flores. A flor nasce e tem a característica de “girar”, voltando-se para o Sol ... Maria era uma flor. Nós também, como flores da sua semente, podemos crescer e florescer diante do Sol que foi infundido nela, e ele também deseja transmitir-nos os raios da sua luz e seu calor” (B. Tito Brandsma, A beleza do Carmelo, 55).

– Contexto da “beleza do Carmelo”. A origem da nossa Ordem foi o Monte Carmelo, um lugar de grande beleza natural, no centro daquele lugar havia uma capela dedicada a Maria.

– Maria, como um “girassol”, exorta o carmelita a “alcançar a semelhança com Maria”, porque o fim da verdadeira devoção a ela é ser “outra Mãe de Deus; que Deus também seja concebido em nós e trazido por nós ao mundo”. “Pensemos, acima de tudo, em Maria. É a nossa vocação. Como ela, também devemos tornar-nos “theotokoi” (mães de Deus), portadores e arautos de Deus. Eis a finalidade da nossa devoção a Maria: “temos que ser outra Mãe de Deus”. Deus também deve ser concebido em nós, dado à luz também por nós.

– A beleza de Maria, a quem nós invocamos como “Mãe e formosura do Carmelo”, é apenas o reflexo da beleza do seu Filho, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 45,3).

 

NONO DIA: MARIA E O ESCAPULÁRIO

Texto bíblico: Atos 2, 1-11

Quando se completaram os dias do Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente fez-se ouvir, vindo do Céu, um som, como de uma forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam, assentados. Viram então aparecer línguas, como que de fogo, que se iam distribuindo e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquela voz, a multidão afluiu e ficou muito confundida, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as grandezas de Deus».

– o Escapulário é tradicionalmente o sinal identificador que une todos os carmelitas, é como um “testemunho”, uma “corda” que torna visível o invisível e nos une àqueles que nos precederam neste carisma.

– É o nosso sinal de consagração, um símbolo do amor materno de Maria, que nos compromete a levar os valores de Maria, a “revestir-nos de Maria” na nossa vida quotidiana.

É o nosso hábito diário e a sua cor castanha é como que “o nosso barro”, o que temos que modelar na nossa vida.

– A humanidade de Maria é coroada mais com um “avental”, o escapulário é como um avental, um vestido. Ele lembra-nos que a devoção mariana é um verdadeiro hábito.

 

16 DE JULHO, DIA DA NOSSA MÃE: MARIA, NOSSA MÃE

Texto bíblico: Jo 19,25-27

Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe e a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver sua Mãe e ao pé dela o discípulo que amava, Jesus disse à sua Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a no que era seu.

– A primeira referência ao amor de Deus - quase sempre – é a que nos deu o amor da nossa mãe. As mães ensinam-nos a buscar o essencial.

– Miguel de Santo Agostinho cunhou a famosa expressão: “O Carmelo tem como missão específica na Igreja prolongar o amor de Jesus pela sua Mãe”, secundando Arnaldo Bostio, que dizia: “o Carmelo é todo de Maria”.

– O Carmelo é um chamamento a ser vocacionados em Maria. Através de Maria, Deus serve a humanidade. E com ela serve o Carmelo também a humanidade, as mulheres e os homens de hoje.