Quinto Domingo da Páscoa - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (15,1-8)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15,1«Eu Sou a verdadeira videira e o meu Pai é o agricultor. 2Todo o ramo que está em mim e não dá fruto, Ele corta-o; e todo o que dá fruto, purifica-o, para que dê mais fruto. 3Vós já estais puros por causa da palavra que vos tenho falado. 4Permanecei em mim e Eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim vós também, se não permanecerdes em mim. 5Eu Sou a videira, vós os ramos: aquele que permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer. 6Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como o ramo, e seca; esses ramos juntam-nos, lançam-nos ao fogo e são queimados. 7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e ser-vos-á feito. 8Nisto é glorificado o meu Pai: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos».

Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • v. 1. Estamos na Última Ceia. Jesus fala aos seus discípulos a modo de testamento final. Depois de ter falado da nova forma de com eles “permanecer” (14,20), Jesus ilustra com a alegoria da videira o novo modo de viver e de se relacionar com eles após a sua morte e ressurreição.
  • No AT, a vinha (Is 5,1s.7; 27,2s; Jr 2,21; 12,10) e a videira (Ez 17,6-9; 19,10s; Os 10,1; Sl 80,9ss.15ss) são imagem do Povo de Deus já instalado na Terra prometida (cf. 1Rs 5,5; 2Rs 18,31; Mq 4,4; Zc 3,10; Nm 20,5; Dt 8,8; Js 24,13). Ambas, juntamente com o seu fruto (as uvas e o vinho), são símbolos do amor, da união e da fecundidade conjugais (Sl 128,3; Ct 1,4.6; 8,11s), servindo, por isso, para exprimir a aliança de Deus com o seu povo (cf. Mc 14,24sp). Deus plantou-o na Terra prometida, fazendo dele uma vinha de cepas escolhidas (Is 5,1.7; Jr 2,21), da qual cuidou com amor. Esperava que produzisse bons frutos, mas ela só deu frutos amargos (Is 5,4; Ez 19,12ss; Os 10,1). Por isso, Deus arrancou-a e dispersou-a, pedindo desde então o povo que Ele a visite de novo, a reconduza à sua terra e a proteja, suscitando “o filho do homem” que fortaleceu (Sl 80,16G.18; Lc 2,40), o Rei-Messias (Ket Ps. 80,16).
  • Deus escutou esta prece e enviou Jesus como “a verdadeira videira”. É o próprio Jesus que o afirma, começando com a fórmula: “Eu Sou”, o Nome divino revelado a Moisés (Ex 3,14; Is 41,4; 43,10.13; 46,4; 48,12; 52,6). Acompanhado de um epíteto (sete casos: 6,35; 8,12; 10,7.9; 11,25; 14,6), designa, em João, a missão de Jesus enquanto Verbo encarnado.
  • “Verdadeiro” (1,9; 4,23; 6,32; 8,16; 1Jo 5,20) é, antes de mais, um atributo de Deus (7,28; 17,3; 1Ts 1,9) e uma marca do divino (Hb 8,2; 9,24). Designa também a realidade, por oposição à figura. Jesus é a Sabedoria de Deus (Sr 24,17.23), o Verbo encarnado (1,14), que cumpre as promessas e realiza as figuras do AT (1,17!). Jesus designa-se videira e não vinha para indicar o fruto que dela espera: a unidade (10,16; 17,11.21ss). Jesus é a verdadeira videira, que produz o fruto mais excelente e dá o melhor vinho (2,10), videira na qual será enxertado o novo Povo de Deus (Rm 11,17.24), que se estenderá a toda a terra, dando no devido tempo o fruto que o Pai quer (cf. Is 27,6!; 55,10s; Mt 21,34.41ss). Desta videira, o Pai é o “agricultor” que lhe preparou o terreno (Is 5,1s), a plantou e escolhe os ramos (cf. 6,44.65; cf. v. 16; 2Ts 2,13; Ef 1,4) que nela vão ser implantados, para que deem fruto, não apenas uma vez ao ano ou cada mês (Ez 47,12; Ap 22,2), mas sempre de novo, cada dia.
  • v. 2. Estes ramos (os fiéis) estão na cepa (Cristo), onde foram implantados por enxertia, como Jesus diz: “todo o ramo que está em mim”. Este é o melhor método para propagar a espécie. Para enxertar um ramo há que fazer um golpe na cepa (o pé, o bravo), inserir nela o garfo (o ramo), talhado na base em forma de cunha, cobri-lo com terra, atá-lo e esperar que ele se solde à cepa para dar fruto; se isso acontecer, é porque o enxerto vingou. Nesse caso, o ramo passará a ser podado (“purificado”) como os outros “para que dê mais fruto”. Mas se o enxerto não resultar, o ramo seca e não dá fruto; nesse caso, há que o tirar, cortando-o (cf. v. 6).
  • v. 3. Os discípulos, unidos a Cristo pelo batismo, já estão “puros” (13,10) graças à verdadeira circuncisão, a do Espírito Santo (Rm 2,28s; 4,11s; Fl 3,3; Cl 2,11ss), que os justifica, em virtude da fé (Rm 3,28; Gl 2,16; At 15,9) que nasce da palavra (Rm 10,17) que Jesus lhes falou (cf. 6,63s).
  • v. 4: vv. 5.7; cf. 1Jo 5,20. “Permanecei em mim”: não basta receber a vida nova da fé, é preciso viver de acordo com ela (cf. Rm 6,4; 1Cor 15,1; Cl 2,6; 1Ts 4,1). Como os ramos não vivem, nem dão fruto por si sós (cf. Os 14,9), também os discípulos de Jesus (judeus ou gentios) não o farão, se não “permanecerem” nele, de modo a viverem por meio dele (6,57): “e Eu em vós” (cf. Gl 2,20; Ef 3,17; Cl 1,27; 3,3s; 1Jo 5,12s).
  • “Permanecer” (gr. ménein), é o verbo da esperança (Is 30,18!; 5,2.4; 8,17), que conota Deus, o Seu desígnio, palavra, obra, reino e amor (Sl 33,11; 102,13; 117,2; Pv 19,21; Sr 42,23; Is 40,8; Dn 6,27), o povo messiânico (Sl 89,37; Sir 44,12s), as obras do justo (Sl 112,3.9) e a nova criação (Is 66,22). É sinónimo de “demorar” (1,32s; Sb 7,27), “morar dentro” (1,38s; 4,40; 11,54; 14,17), “perseverar” até ao fim, “durar” para sempre. Os discípulos “permanecem” em Jesus, mantendo-se firmes na fé que receberam (1Cor 15,1; 1Jo 2,24), demorando nele (dentro dele: 1Jo 2,6; Cl 3,3), estreitando a sua união com Ele (cf. Cl 2,6s), alimentando-a com a Palavra, a oração (v. 7) e a Eucaristia (6,56). A insistência neste verbo (Jo, 33x; 7x neste texto), mostra que as comunidades cristãs e os seus membros na época estavam a ser assaltados por doutrinas falsas (cf. 10,1-10), provados com múltiplos sofrimentos e assolados por diversas perseguições.
  • v. 5. "Eu Sou a videira, vós os ramos". É uma parataxe (elipse da conjunção copulativa “e”). Não se trata de duas coisas distintas, de um lado a videira, do outro, os ramos, mas de uma só (Gl 3,28). Não existe uma videira sem ramos. O mesmo acontece com Cristo: os discípulos são parte dele e Ele é o todo (cf. Rm 12,5; 1Cor 12,12.20; Cl 3,11), sendo eles, então, chamados a viver de acordo com a sua nova condição. Para que um ramo possa dar fruto, tem de estar unido à videira, pois só assim receberá a seiva. A finalidade da união dos discípulos com Jesus é a mesma da união do ramo à videira: darem “muito fruto” (v. 8; 12,24; cf. vv. 2.16; Sl 107,37; Pv 11,30; Ct 4,13.16; Sr 1,16; 6,19; 24,17; Jr 17,8.10; Ez 17,8.23; 19,10; 47,12; Jl 2,22; Mc 4,8.20p; Rm 7,4; Ef 5,8; Cl 1,10), graças à seiva que recebem de Jesus, fazendo, pela fé e o amor, as mesmas obras que Ele fez (14,12), imitando o seu exemplo (13,15) e continuando a sua missão (20,21).
  • “Fruto” está no singular (Gl 5,22s), porque designa o tipo de fruto que se espera da união com Jesus, o qual é um só: o próprio Cristo (Lc 1,42). Isso acontece quando os discípulos vivem em união uns com os outros, sendo um n’Ele (2,19; 17,21ss; 1Jo 1,3; Rm 12,5; 1Cor 10,17; 12,12s.20; Ef 2,16; 4,4; Cl 3,15). Sem esta união com Ele e uns com os outros, tal como Jesus sem o Pai (5,19), nada podem fazer (cf. 3,27; 2Cor 3,5), e obra que para ela não contribua, não glorifica o Pai, nem permanece (cf. 1Cor 3,11-15).
  • v. 6. Quem se afasta de Jesus, separando-se desta união, é cortado (v. 2; cf. Lc 13,9) e “lançado fora” (Mt 5,13; 13,48; Lc 14,35; Ap 12,4) “como o ramo e seca” (Ez 17,9s). Estes ramos são depois recolhidos, lançados ao fogo e queimados (cf. Sr 21,9; Ez 15,2‑7; Mt 3,12; 7,19; 13,30.42.50; Lc 3,17).
  • v. 7. Os discípulos permanecerão em Jesus se as suas palavras “permanecerem” neles (cf. 8,31s; At 2,42; Cl 3,16; 1Pd 1,25), alimentando-se delas, “guardando-as” e pondo-as em prática, com fé e amor (cf. 8,31.51; 14,15.23; 17,6; 1Jo 2,4; 3,24). Então, tudo o que pedirem ao Pai “em nome de Jesus” (v. 16; 14,13s; 16,23s), “ser-lhes-á feito” (gr. guinomai), porque fazem a vontade dele e guardam os seus mandamentos (9,31; 1Jo 3,22.2; 5,14).
  • v. 8. A união com Jesus não é extática, mas vital; não é estéril, nem ociosa, mas fecunda e operante. Os que creem em Jesus “tornam-se” discípulos de Jesus (gr. guínomai: 1,3.12), permanecendo unidos a Ele (v. 4s) e produzindo (gr. férô) pela perseverança (Hb 10,36; 12,1) muito fruto (12,24!). Assim o Pai será glorificado neles (13,32s.35; 16,14s; 17,4. 10s.21ss; cf. Sb 3,15; Mt 5,16). Foi para isso que o Pai os chamou: para que deem muito fruto em Cristo (vv. 2.5; Ef 2,10) e esse fruto permaneça (v. 16), o que acontecerá se esse fruto for o amor (vv. 9-17; 1Cor 13,8.13). 

Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • Já passei por momentos difíceis, que me podaram? Isso ajudou-me a crescer? E, na nossa comunidade, também já passámos por podas, ou seja, por momentos difíceis? Isso ajudou-nos a crescer?
  • Permaneço unido a Jesus? Como? Em que situações sim e em quais não?
  • Que bom fruto dou/damos? Onde não o dou/damos? Como melhorar? Deixamo-me/deixamo-nos corrigir e interpelar pelo Pai e pelas pessoas, de modo a dar/darmos mais fruto, pessoal e comunitariamente? 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração) 

Salmo responsorial                              Sl 22,26-28.30-32 (R. 26a)

Refrão:        Eu Vos louvo, Senhor, no meio da multidão.

Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos fiéis.
Os pobres hão de comer e serão saciados,
louvarão o Senhor os que O procuram:
vivam para sempre os seus corações.      R.

Hão de lembrar-se do Senhor e converter-se a Ele
todos os confins da terra;
e diante dele virão prostrar-se
todas as famílias das nações.      R.

Só a Ele hão de adorar
todos os grandes do mundo,
diante dele se hão de prostrar
todos os que descem ao pó da terra.      R.

Para Ele viverá a minha alma, há de servi-lo a minha descendência.
Falar-se-á do Senhor às gerações vindouras
e a sua justiça será revelada ao povo que há de vir:
«Eis o que fez o Senhor».     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva:

Deus todo-poderoso e eterno, realizai sempre em nós o mistério pascal, para que, tendo sido renovados pelo santo Batismo, com o auxílio da vossa proteção, dêmos fruto abundante e alcancemos as alegrias da vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc