Terceiro Domingo da Páscoa - Ano C - 04. Maio. 2025

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

T. E acendei neles o fogo do vosso amor.

A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado

T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que, no mesmo Espírito, apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (21,1-19) 

21,1Jesus manifestou-se de novo aos discípulos junto ao mar de Tiberíades. Manifestou-se deste modo: 2estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Gémeo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os dois filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. 3Diz-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Dizem-lhe eles: «Nós também vimos contigo». Saíram, subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. 4Ao romper da manhã, pôs-se Jesus de pé na praia, mas os discípulos não sabiam que é Jesus. 5Diz-lhes, pois, Jesus: «Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?». Eles responderam-lhe: «Não». 6Disse-lhes, então Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Lançaram-na, pois, e já não tinham força para a puxar, por causa da grande quantidade de peixes. 7Diz então o discípulo que Jesus amava a Pedro: «É o Senhor!». Quando Simão Pedro ouviu: «É o Senhor!», cingiu-se com a túnica – pois estava nu – e lançou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram no barquito, arrastando a rede com os peixes, pois não estavam mais longe de terra do que uns duzentos côvados. 9Quando desceram para terra, veem um braseiro posto com peixe em cima e pão. 10Diz-lhes Jesus: «Trazei dos peixes que apanhastes agora». 11Então Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 12Diz-lhes Jesus: «Vinde almoçar». Nenhum dos discípulos, porém, ousava perguntar-lhe: «Quem és Tu?», por saberem que é o Senhor. 13Vem Jesus, toma o pão e dá-lho, fazendo o mesmo com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus se manifestou aos discípulos, depois de ter sido ressuscitado dos mortos. 15Após terem almoçado, Jesus diz a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?». Ele responde-lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que sou Teu amigo». Diz-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». 16Diz-lhe de novo, pela segunda vez: «Simão, filho de João, amas-me?». Ele responde-lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que sou teu amigo». Diz-lhe Jesus: «Pastoreia as minhas ovelhas». 17Diz-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, és meu amigo?». Pedro entristeceu-se por lhe ter perguntado pela terceira vez: «És meu amigo?», e diz-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, Tu bem sabes que sou teu amigo!». Diz-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. 18Amen, amen te digo: quando eras mais novo, a ti mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas, quando envelheceres, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e levará para onde não queres». 19Disse isto para indicar com que género de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Dito isto, diz-lhe: «Segue-Me».

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • O capítulo 21 é um apêndice, exclusivo do Quarto Evangelho, acrescentado após a conclusão inicial (20,30-31) por um grupo de discípulos do evangelista que o identificam como sendo o discípulo amado (v. 24). O presente texto está dividido em duas partes: a primeira (vv. 1-14), narra a pesca milagrosa, com um acentuado caráter simbólico, que faz dela um “sinal” (cf. 20,30) alusivo à missão da Igreja; a segunda (vv. 15-23, aqui só os vv. 15-19), relativa à missão singular de Pedro na Igreja.
  • v. 1. O episódio decorre “junto ao mar de Tiberíades”, o “mar da Galileia” (6,1) ou lago de Genesaré. Foi aí que tudo começou para os quatro primeiros discípulos, quando Jesus os chamou, após uma pesca milagrosa. Foi aí também que Jesus multiplicou os pães (6,1.23), “sinal” da Eucaristia, na qual Ele se dá como o pão vivo descido do céu (6,51). Trata-se de uma “manifestação” (v. 14) de Jesus ressuscitado aos seus discípulos, não de uma aparição sobrenatural do Ressuscitado, em que Ele é “visto” glorificado, no Espírito (cf. At 1,2), como “o Senhor”, aparições em que se usa o verbo oráo (“ver”: 20,18.20.25.27.29; Lc 24,34), sobretudo no aoristo passivo (divino) do indicativo (1Cor 15,5-8; At 13,31).
  • v. 2. Entra em cena um grupo de discípulos de Jesus. São sete, tal como as nações de Canaã (Dt 7,1; At 13,19), porque visam a Igreja vinda dos gentios (cf. v. 6). “Sete” é o número da perfeição: estes sete representam toda a Igreja (17,9ss.20s), de cuja missão pastoral, guiada por Pedro, se vai falar. São eles: Simão Pedro (1,42; 6,68; 13,6.24.36; 18,10.15.25; 20,2.6); Tomé, o Gémeo (gr. Dídimos: 11,16; 14,5; 20,24.26ss); Natanael, de Caná, da Galileia (1,45-49; 2,1); os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João (Mc 1,19sp; 3,17p; 10,35; Lc 5,10); e outros dois discípulos de Jesus (talvez André). Após a ressurreição, regressaram a casa, à sua vida e trabalho habituais. Jesus dá-lhes agora a entender que, com a sua ressurreição, se inaugurou uma nova fase da sua vida e uma nova era da história da salvação, o tempo da Igreja, por Ele chamada a continuar a Sua missão neste mundo na força do Espírito Santo (17,18; 20,22). 
  • v. 3. O evangelista recorre à técnica do “personagem em destaque” (perfil biográfico), representando Pedro todos os pastores da Igreja e, neles, toda a Igreja (vv. 15ss). Os discípulos vão pescar, símbolo do Reino de Deus (Mc 13,47) e da missão evangelizadora que neles Jesus confia à sua Igreja (Mc 1,17; Mt 4,19). É Pedro quem dá o primeiro passo (cf. At 2,14), os outros seguem-no. João sinaliza assim o ministério proeminente que Pedro exercerá na Igreja. Pescam de “noite”, símbolo da escuridão e da ausência de Jesus (9,4s; 11,9s; 12,35). “Naquela noite não apanharam nada”, porque sem Jesus nada podem fazer (15,5; cf. Sl 127,2). A expressão evoca o chamamento dos discípulos em Lc 5,4 (cf. v. 1).
  • v. 4. O romper da “manhã” assinala a manifestação do Senhor ressuscitado (20,1), Luz do mundo (1,4.9; 8,12; 12,35s.46), que está “de pé” (20,19.26), vitorioso. Os discípulos voltam para terra, em Cafarnaum. Jesus não está com eles, no barco, mas em terra, porque já atingiu a meta final, a pátria definitiva, donde age no mundo através dos discípulos. A indicação que Ele está “na praia” (gr. aigialós: Mt 13,2; At 27,39) permite identificar o local como sendo o porto de Tabgha (he. Ein Sheva, gr. Heptapegon, “Sete fontes”), onde brotavam sete fontes (hoje apenas cinco) de água mais quente, sendo por isso aí o peixe mais abundante. Os discípulos não reconhecem Jesus (cf. 20,14; Lc 24,16), porque a ressurreição implica uma transformação total da sua aparência e humanidade (1 Cor 15,51s; Fl 3,21), que já não estão sujeitos aos condicionalismos do espaço e do tempo.
  • v. 5. Jesus chama-os “filhinhos” (gr. paidíon, criança até os 7 anos: Lc 18,17p; Just., Dial. 88,1), porque só pode ver o Reino de Deus, que nele irrompeu, quem nasceu do alto (3,3; 2Cor 5,16s). E, como se não soubesse o que tinha acontecido, pergunta-lhes se têm algo que se coma (cf. Lc 24,41). É uma ironia. Os discípulos dizem-lhe que “não” têm.
  • v. 6. Jesus dá-lhes então a indicação de “lançarem a rede” (a tarrafa) para a direita do barco (cf. Mt 25,33-40), ou seja, para o nascente, onde está a região gentia da Decápole. Eles obedecem à palavra deste desconhecido com a humildade e simplicidade das crianças (cf. v. 5; 6,9) e a rede enche-se de peixe. “Eles já não tinham força” porque ainda não tinham reconhecido o Senhor, nem se tinham encontrado com Ele (cf. v. 11). “Para puxar” a rede. O verbo “puxar” (gr. élkô), que também significa “atrair”, remete para 12,32, onde Jesus diz: “Quando Eu tiver sido elevado da terra, atrairei todos/tudo a mim”, referindo-se à sua morte e ressurreição. De modo que as redes, repletas de peixe, são “puxadas” e “arrastadas” (v. 8) até à margem, onde se encontra Jesus. A “grande quantidade de peixes” evoca Ez 47,9s e recorda a pesca milagrosa, quando Jesus chamou os primeiros discípulos (Lc 5,4-7). O resultado da pesca não se deve ao esforço e habilidade dos discípulos, mas à pronta obediência à Palavra do Senhor, que tudo dirige, tudo pode e tudo concede de forma superabundante (cf. Rm 5,15.17.20; 2Cor 1,5; 9,8; Ef 1,8; 3,20; 1Tm 1,14; 6,17; Tt 3,6), tal como aconteceu com o vinho em Caná (2,6) e na multiplicação dos pães (6,11s), e tal como Jesus prometeu com o dom da água viva (4,14; 7,37s), do Espírito (3,34) e da vida dada pelo bom pastor (10,10).
  • v. 7. “Discípulo amado” (v. 20; 13,23; 19,26; 20,2.7) é a designação debaixo da qual o evangelista procura manter o anonimato (v. 24), e convidar que cada um dos seus leitores se reveja nele, ou seja, que todo o discípulo de Jesus Cristo seja um discípulo que permanece junto dele (13,23), conhece a Sua voz (10,14.16.27) e a sua Palavra (18,21), acredita nelas, na Escritura (20,9) e no Seu amor, segue Jesus na sua paixão (18,15s) e permanece junto dele na hora da cruz (19,26), recebe as suas dádivas (19,27), crê na Sua ressurreição e deles dá testemunho (20,2.8s; 21,24). Só a fé e o amor permitem reconhecer Jesus. A intimidade com Jesus (cf. v. 5; 16,21; 1Jo 2,13.18) e este sinal levam “o discípulo amado” a reconhecê-lo: “É o Senhor” (20,18.25.28), o título divino por excelência do Ressuscitado (Fl 2,11).
  • Pedro ouve, acredita na palavra de João e “cinge-se” (gr. diazônnumi, só 3x na Escritura, apenas em João, aqui e em 13,4.5) com “a túnica” (gr. ependytes, palavra que só aparece aqui e em 2Sm 13,18, onde designa uma veste principesca, de condição real, usada só pelas filhas dos reis, quando ainda eram virgens, ou seja, quando ainda não se tinham casado). Pedro reconhece que está nu, sabe que é pecador, mas, ao invés do primeiro homem, não foge, para se esconder de Deus (Gn 3,10s), e, ao contrário do que dissera a Jesus na primeira pesca milagrosa, “afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” (Lc 5,8), Pedro, já convertido (Lc 22,32), reconhece que sem Jesus nada é (gr. ouk eimi, “não sou”: 18,17.25; cf. 18,27) e nada pode (15,5), e lança-se ao mar para, sem demora, ir ter com Jesus (cf. Mt 14,28-31). Desta forma, ele é novamente o primeiro a penetrar no lugar onde o Senhor estava (cf. 20,6).
  • Mas para ir ter com Jesus, precisa primeiro de repetir o gesto de Jesus na última ceia, “cingindo-se”, não com uma toalha (13,4s), mas com uma veste pura, de condição real (cf. 2Sm 13,18), pois, para se revestir da mesma atitude de Jesus de servir e lavar os pés aos irmãos, por amor, até ao fim, precisa de estar em condições de o fazer, necessitando, por isso, de se aproximar primeiro de Jesus e de o servir, na condição real de uma nova criatura e ministro dele. Por isso, lança-se à água, nela mergulhando vestido, porque é só revestido de Cristo pelo batismo (palavra grega que significa “mergulho”: Rm 13,12; Gl 3,27; Cl 3,10; Ef 4,24; 6,14) que se pode encontrar com Ele e assim, deixando-se servir por Ele (cf. 13,8) e servindo-o, se identificar com Ele no amor, de modo a segui-lo e imitá-lo, continuando a sua missão no meio dos discípulos até dar o testemunho do amor maior (15,13), dando a sua vida por eles, como Jesus, “o Senhor e o Mestre” (13,14s), recebendo o mesmo batismo com que Jesus foi batizado (Mc 10,38s; Lc 12,50), ou seja, a morte de cruz (v. 19).
  • v. 8. Os outros discípulos “vêm” até Jesus (vv. 3.13; 6,37.44.65), “arrastando a rede com os peixes” (v. 6) atrás do “barquito” (gr. ploiárion: 6,22-24; Mc 3,9), um diminutivo de “barco” (gr. ploíon: vv. 3.6), barco que agora, contrastando com o grande número de peixes, é assim chamado, a fim de destacar a pobreza de meios humanos e técnicos de que a Igreja dispõe e disporá para continuar a obra e a missão de Jesus, patenteando que se o fazem é graças à Sua Palavra e ao Seu Espírito. Desta forma, percorrem os 200 côvados (c. 100 m) que os separam da praia.
  • v. 9. O pão e o peixe que Jesus serve aos discípulos em terra estão no singular. Não foram amassados, nem pescados em nenhuma parte, mas são uma iniciativa e dom do Senhor, manifestando a sua solicitude pelos seus discípulos que continuam no mundo a Sua missão, que Ele próprio guia e alimenta. Evocam o episódio da multiplicação dos pães (v. 9; 6,9; v. 13: 6,11), sendo uma alusão à Eucaristia (Lc 24,30. 42), na qual o Senhor ressuscitado se dá aos seus discípulos (At 10,41). O pão é um e está sobre brasas (que lembram as negações de Pedro, 18,18, e aludem à purificação da boca do pecado: Is 6,6), porque a Igreja, regenerada do pecado pelo fogo do Espírito, deve ser um só Corpo (17,11.22; 1Cor 10,17). O peixe é um, porque é só através da união dos seus discípulos que Cristo, simbolizado no peixe (gr. ichthys, é o acróstico cristão que significa “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”) será reconhecido e acreditado pelo mundo (17,21.23). Os cristãos primitivos dar-se-ão por isso a conhecer entre si nas épocas de perseguição pelo símbolo do peixe.
  • v. 10. Jesus diz aos discípulos para “trazerem” (gr. pherô: 15,2.4.5.8.16) os peixes que apanharam e que são fruto do seu trabalho, feito em obediência à Sua palavra, ou seja, feito em união com Ele, permanecendo nele.
  • v. 11. O número de peixes é 153. 153 é um número triangular, um género de cômputo bem conhecido na Antiguidade, sendo a soma dos 17 primeiros números inteiros (cf. S. Agostinho, Io. ev. tr. 122,8, diz que 17 são 10+7, representando 10 os dez mandamentos da lei do AT, cf. Ex 34,28; Dt 4,13 10,4; e 7 a perfeição da lei do NT, infundida pelos sete dons do Espírito Santo, cf. Is 11,2-3 Vulg.; Ap 1,4;3,1). É também a soma dos cubos de cada um dos seus dígitos (13+53+33 = 1+125+27). S. Jerónimo, baseando-se em Oppianus Cilix (Hal. 1,80-92) opina que são tantos quantas as espécies de peixes conhecidas pelos naturalistas (In Ez 14, 47,9-10: PL 25, 594-595C,), teoria que, porém, não vinga, uma vez que Opiano é um poeta grego da segunda metade do s. II, contemporâneo de Marco Aurélio (161-180) e de Commodus (177-192), e a obra de S. Jerónimo é escrita entre os anos 410 e 415. A intuição mais certa parece ser a de S. Agostinho: 153 é a soma dos 17 primeiros números inteiros (10+7), podendo nós ver no 10 a totalidade, universalidade e catolicidade do novo Povo de Deus, e no 7 a perfeição deste povo, nascido da paixão, morte e ressurreição de Cristo, congregado na Igreja de entre os judeus e os gentios, graças à fé na Sua Palavra, transmitida pelos seus discípulos (cf. 17,8.20), formando um só em virtude da graça de Cristo (Jo 1,16; 17,23).
  • Pedro, depois de se ter encontrado com Jesus e apoiado na sua palavra, já tem a força que sete homens (ele e os outros seis discípulos: v. 2) juntos antes não tinham para puxar a rede (v. 6) e puxa-a ele sozinho, porque foi ele que recebeu a missão de, uma vez convertido, confirmar os irmãos na fé (Lc 22,32), agregando os fiéis dos povos gentios à Igreja nascida do povo de Deus, Israel (cf. At 1,15; 2,38.41; 8,14ss; 10,5.44-48; 11,17s; 15,7s; Gl 1,18; 2,1-9). As redes não se rompem, porque apesar do número e diversidade de pessoas, línguas e povos que nela entram, a unidade da Igreja não se rompe, mas antes se enriquece com a sua catolicidade.
  • v. 12. Jesus convida-os então para comer: “vinde almoçar”. No tempo de Jesus havia normalmente duas refeições: o quebra-jejum ou almoço, de manhã (esta), e o jantar (ou ceia). Nenhum dos discípulos ousa perguntar-lhe “quem és tu?”, porque, sendo suas ovelhas, conhecem-no (10,27) e sabem que é o Senhor (v. 8).
  • v. 13. Embora já esteja ali presente, João diz que Jesus “vem”. O verbo “vir” é o mesmo que é usado em 20,26, indicando a vinda dominical de Jesus aos seus, no primeiro dia da semana, o dia do Senhor (gr. kuriakê êméra, lat. dominica dies, “domingo”: Ap 1,10), dia em que a comunidade celebra a Eucaristia (At 20,7.11), onde Jesus, “tomando o pão”, lhes “dá o pão” do Seu Corpo (6,11!.27.51.32s). O pronome pessoal está no plural, indicando que o pão é partido (gr. klaô, o termo técnico da Eucaristia no NT: Mc 8,6p; 14,22p; Lc 24,30; At 2,,46; 1Cor 10,16.24), tal como o peixe (no singular), mostrando que a refeição que Ele lhes serve, tal como na multiplicação dos pães, é símbolo da Eucaristia, o pão vivo descido do céu (6,51) em que Ele se dá a si mesmo aos seus discípulos.
  • v. 14. Esta é a “terceira vez” (2Sm 5,2!) que Jesus se “manifesta” aos seus discípulos, distinta das duas primeiras (20,19.26), que são aparições, acompanhadas de uma visão (v. 1). É uma “manifestação” pois o Senhor lhes quer ensinar (v. 5: paidía) a reconhecer a sua presença nas pessoas, nos acontecimentos, na Palavra, na Eucaristia e na missão deles.
  • v. 15. A segunda parte começa “depois de terem almoçado” (vv. 15-19). Jesus leva Pedro a confessar por três vezes o seu amor a Ele (cf. 1Sm 20,41), de modo a reparar as três vezes que o negou (13,38; 18,17.25ss). Sendo três o número divino, Jesus confirma a missão de Pedro como sendo de origem divina, irrevogável (At 10,16; 11,10; cf. Jb 33,29; 2Cor 12,8).
  • Neste diálogo há um jogo de palavras. Jesus pergunta por duas vezes a “Simão, (filho) de João” (1,42; Mt 16,17), isto é, a Pedro, se o ama, usando o verbo agapein, o amor altruísta. Primeiro, aqui, pergunta-lhe se o ama mais que os outros (cf. Mt 26,33.35; Mc 14,29; Lc 22,33). Pedro, consciente de não ter dado a vida por Jesus (13,37s), nem de ter permanecido junto dele ao pé da cruz (como o discípulo amado: 19,26s.35), não se atreve a responder afirmativamente, limitando-se a dizer-lhe que lhe tem amizade (gr. filein). O “sim” de Pedro é ainda parcial. Jesus no entanto, confia-lhe os seus “cordeiros”, os membros da Igreja, que ele deve “apascentar” (Is 5,17; 40,11; 49,9; Ez 34,13ss).
  • v. 16. Na segunda vez, Jesus baixa a fasquia e só pergunta a Pedro se o ama (não “mais do que os outros”), respondendo este como da primeira vez. Jesus confia-lhe novamente as suas “ovelhas” (10,14.27; Jr 23,2; Ez 34,15.31), que ele deve “pastorear” (cf. Ex 3,1; Mq 7,14; Is 61,5).
  • v. 17. Na terceira vez, Jesus baixa de novo a fasquia e usa o verbo filein (ser amigo), perguntando-lhe se é seu amigo. Pedro fica triste (16,20; 17,13), não só porque sabe que ainda não é capaz de dar a sua vida como Jesus (14,31), mas também que a sua amizade a Jesus é imperfeita, pois o negou três vezes. Apesar de tudo (embora já tenha deixado de contradizer o Mestre: 13,36s), não hesita em reafirmar que é seu amigo, porque já não confia em si, mas no Senhor, que “sabe tudo” (16,30; cf. Hb 4,13) e não precisa da virtude, nem da força do homem, mas apenas da sua fé e amor a Ele, para realizar a Sua obra.
  • Jesus confia pela terceira vez a Pedro a missão de “apascentar as suas ovelhas” (Ez 34,15), o seu povo (Sl 78,71; Ez 34,23; Mq 5,3; Mt 2,6), mostrando que tal serviço requer o amor maior (15,13) a Ele, sendo deste uma prova. A missão de Pedro é a de, à imagem de Jesus, o Bom Pastor (10,1-16), “apascentar o rebanho” de Cristo (1Pd 5,2ss; At 20,28) e conduzi-lo com amor (10,11; 17,12; Ez 34,13-16), cuidando em primeiro lugar dos mais débeis (“os cordeiros”: v. 15; cf. Is 40,11), de modo que o rebanho avance unido, sem deixar ninguém para trás. Tal é também a missão de todos os pastores e membros da Igreja, que Pedro – e só Pedro – representa.
  • v. 18. Jesus anuncia a Pedro que irá sofrer.
  • v. 19. Indica-lhe também que a sua missão será coroada, tal como a dele, com o martírio (12,33; 18,32; 2Pd 1,14), devendo Pedro ser também como Ele crucificado, embora, segundo a tradição, a seu pedido, de cabeça para baixo, por humildade. Por isso, concede-lhe agora a graça de o seguir até ao fim, dizendo-lhe “segue-me” (v. 22; 1,43; 10,4; cf. 13,36s), imitando-o, não só na sua vida, mas também na sua morte.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

      a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Amo o Senhor e sigo-o? A que valores dou prioridade? Como é que traduzo esse amor em casa, no trabalho e na comunidade eclesial?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração) 

Salmo responsorial                                             Sl 30,2.4-6.11-12a.13b (R. 2a)

Refrão: Eu vos glorifico, Senhor, porque me salvastes.

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer à cova.     R.

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas e ao amanhecer volta a alegria.     R.

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, exulte sempre o vosso povo com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adoção divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Avé Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO.. (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc