Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. João (20, 1-9)
20,1No primeiro dia da semana, Maria Madalena vem de manhã cedo, sendo ainda escuro, ao sepulcro e vê que a pedra tinha sido retirada do sepulcro. 2Corre e vem ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e diz-lhes: «Tiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o puseram». 3Então, Pedro saiu com o outro discípulo e vieram ambos ao sepulcro. 4Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5Debruçando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou. 6Entretanto, vem também Simão Pedro, que o seguia; entrou no sepulcro e vê os panos de linho caídos no chão 7e o sudário, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não com os panos de linho no chão, mas enrolado, num lugar à parte. 8Entrou então também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. 9De facto, ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual é necessário que Ele ressuscitasse dos mortos.
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- O presente texto abre a terceira secção da segunda parte do Quarto Evangelho (20,1-31), onde se apresenta Jesus ressuscitado como o Homem Novo, o Senhor, que dá início à nova criação e à comunidade de homens novos, que a Ele se convertem e nele acreditam.
- v. 1 (vv. 1-10: Mc 16,1-8; Lc 24,1-11; Mt 28,1-8). A cena decorre em Jerusalém, na manhã de Páscoa. Começa com uma indicação cronológica: “no primeiro dia da semana”. Foi neste dia que Deus deu início à criação (Gn 1,5) e é neste dia que Ele inaugura a nova criação em Cristo ressuscitado, dia que, por isso, se chama “Dia do Senhor” (Ap 1,10; lt. dominica), o dia em que a comunidade cristã se reúne para celebrar a Eucaristia (cf. v. 26; At 20,7; 1Cor 16,2).
- João descreve em seguida, quase sempre no presente do indicativo, a reação dos discípulos perante a descoberta do sepulcro vazio, recorrendo, como lhe é próprio, à técnica do “personagem em destaque” (cf. o perfil jornalístico). Foca a narração em três pessoas. A primeira é Maria Madalena (he. de Magdala, “torre”, “grandeza”), que também é a primeira que foi nomeada entre as mulheres que estavam junto à cruz de Jesus (19,25). Ela vai ao sepulcro de Jesus, não sozinha (cf. v. 2: “não sabemos”). Vai de “manhã cedo”, o tempo que assinala o despontar de um novo dia, mal se abrem as portas da cidade, por volta das 6 h, sendo “ainda era escuro” (cf. 1,5; 8,12; 12,46; Lc 24,22). É uma alusão a Ct 3,1-5, o megillat (“rolo”), que tinha sido lido na véspera, sábado, páscoa judaica. Chega ao sepulcro e vê (gr. blepô, “observar”) que a pedra que servia de calço à porta (he. dopheq: Ohal 2,4) fora “retirada” (Sl 24,7.9; Is 53,8) e assim a pedra rotatória exterior (golel: Sanh 47b) tinha rolado para trás, deixando aberta a entrada e permitindo ver que nenhum corpo estava no sepulcro. O verbo “retirar” está no particípio perfeito passivo, indicando que a pedra fora retirada por Deus.
- v. 2: cf. vv. 13.15; Lc 24,23. Maria Madalena imagina logo o pior e “corre” (cf. Gn 24,20.28; 29,12; Ct 1,4; 1Cor 9,24), indo ter com Simão Pedro e o discípulo que Jesus amava (o próprio evangelista: cf. 13,23; 19,26; 21,20.24), para lhes dizer que tinham “retirado” (no aoristo, indicando um espaço de tempo: cf. Mt 14,12) o corpo de Jesus, pensando talvez que o tinham ido depositar numa vala comum, uma vez que o sepulcro onde o tinham deposto era novo, de uma pessoa rica (19,41) e Jesus fora morto como um condenado, um maldito, tendo assim profanado o sepulcro, de modo que mais ninguém poderia ser sepultado lá. “Não sabemos” mostra que Maria Madalena não fora só ao sepulcro, mas acompanhada por outras mulheres, como referem os Sinóticos (Mc 15,47; 16,1; Lc 24,10; cf. Jo 19,25: Maria, mulher de Cleofás, tia de Jesus, mãe de Tiago e de José; Salomé, mãe de João e de Tiago, filhos de Zebedeu; Joana, etc.). A expressão evoca os diálogos de Jesus com os judeus (7,11.22; 8,14.28.42) e com os seus discípulos (13,33; 14,1-5; 16,5) que “não sabem” (cf. Gn 28,16; Is 45,15 LXX) para onde Ele vai. Pode ser uma alusão a Moisés (Dt 34,6) e a Elias (cf. 2Rs 2,17), os dois maiores emissários de Deus no AT, cujos corpos nunca foram encontrados. Maria designa Jesus como era seu hábito, “Senhor” (11,3.32), título que a partir do v. 18 passa a ser uma confissão de fé na divindade de Cristo ressuscitado (cf. Fl 2,11).
- v. 3: cf. 18,16; Lc 24,24. João apresenta agora em Simão Pedro e no discípulo amado a atitude dos apóstolos perante o mistério da morte e ressurreição de Jesus. Ambos aparecem lado a lado no Quarto Evangelho em diversas ocasiões: na Última Ceia (13,23ss), na paixão (18,15-18) e na aparição de Jesus ressuscitado aos discípulos junto ao lago de Tiberíades (21,7). Nelas, o “discípulo amado” antecipa-se sempre a Pedro.
- v. 4. É o que aqui acontece: o “outro discípulo”, mais jovem do que Pedro, corre à sua frente (Gn 24,29; 29,13), mais depressa do que ele (porque movido pela esperança e o amor: cf. Is 40,31; Sl 119,32; Tob 11,3), para comprovar a notícia (cf. 1Ma 16,21) e chega primeiro ao sepulcro.
- v. 5. O discípulo “debruça-se” para ver a câmara onde jazera o corpo de Jesus, porque a passagem da antecâmara para esta é mais baixa do que a entrada do sepulcro. Vê apenas os “panos de linho” (gr. othónia), usados, como era habitual, para envolver o corpo na sepultura (19,40), caídos no chão. Mc 15,46, Lc 23,53 e Mt 27,59 preferem o sinónimo “lençol” (gr. sindôn, he. sadin: Jz 14,12; Pv 31,24). Mas nunca se fala em “ligaduras” (gr. keiría: 11,44), como para Lázaro. O discípulo aguarda que Pedro “entre” (18,15), reconhecendo a primazia que Jesus lhe conferira (mencionando sempre Pedro em primeiro lugar: Lc 22,8; At 1,13; 3,1.3.11; 4,13.19; 8,14; cf. Mc 3,16s p; 9,2p; 14,33p; Gl 2,9). João simboliza aqueles que irão acreditar em Jesus sem O terem visto (20,29), apoiados apenas na fé no querigma da Igreja (presente nos dois apóstolos: cf. 1,35; Mc 6,7p; Mt 18,20), que Pedro representa (cf. 6,68; 21,15ss; Lc 24,34!; 1Cor 15,5!; cf. Mc 8,29p; Lc 22,32), anuncia e professa. Indica que Pedro entrará primeiro no sepulcro do que ele, “seguindo” Jesus na morte de cruz (13,36s; 18,15; 21,19s.22).
- v. 6: Lc 24,12. Chega então Simão Pedro, que “segue” João (18,15) e vê (gr. theorein: um ver que faz pensar) os panos de linho depostos no chão v. 7, e “o lenço” (gr. soudárion) que tinha sido posto sobre o rosto de Jesus (só João anota este pormenor, também referido no caso de Lázaro: 11,44), não caído no chão, mas “enrolado num lugar à parte”, com amor (cf. Lc 23,53p), “sinal” que o corpo de Jesus não tinha sido “roubado” (cf. Mt 28,13), nem intempestivamente levado (cf. Dn 14,36) para outro lado.
- v. 8. Finalmente entra o outro discípulo, o que Jesus amava: “viu” (gr. oraô, o ver que reconhece, comprova e testemunha: 14,9) “e acreditou” (20,29; cf. 1,50; 2,11; 3,36; 6,26), reconhecendo neste “sinal” a ação de Deus (cf. 20,30s; 21,7) que ressuscitara Jesus de entre os mortos.
- v. 9. O fundamento da fé do discípulo não é, porém, este sinal (4,48), que apenas apela à fé, mas a Palavra de Deus, consignada na Escritura (2,22; 12,16), expressa nas palavras de Jesus (14,3.28; 16,16s.19-22) e transmitida pela Igreja, aqui evocada na pessoa dos apóstolos, evocados no plural: “ainda não tinham compreendido a Escritura”. A Cristo ressuscitado só se chega pela fé, fé que nasce da escuta da Palavra de Deus (2,22; cf. Rm 10,17; Gl 3,2.5). “É necessário que Ele ressuscitasse dos mortos”. “É necessário” (gr. deĩ) indica o desígnio salvífico de Deus, expresso nas Escrituras, que anunciam que o Messias, devia morrer e ressuscitar ao terceiro dia (Sl 16,10; 22,22-31; 26,19; Is 25,8; 53,10ss; Os 6,2; 13,14; Lc 24,25-27.44-46; At 2,24-36, 13,32-37; 17,3; 1Cor 15,4). Por sua vez, só a morte e ressurreição de Jesus permitem entender as Escrituras (o AT), que falam acerca dele (5,39). “Ressuscitar” está no infinitivo aoristo na voz ativa (em geral é dito na voz passiva): é o próprio Jesus que ressuscita (10,17s; Mc 8,31; 9,10; Lc 24,7.46; At 10,41; 17,3). O “discípulo amado” é assim o exemplo do discípulo que está em plena sintonia com Jesus: acreditando nele sem o ver (20,29), porque escuta o anúncio, conhece a Palavra de Deus e acredita no seu amor e, por isso, permanece junto dele, corre ao seu encontro, compreende os seus sinais, descobre a sua presença viva e operante na história e na vida dos homens e testemunha-a (porque a tal leva o amor).
Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Tenho fé em Cristo ressuscitado? Já me encontrei com Ele? Como?
- Que significa para mim a ressurreição de Jesus? Que decorre dela, para mim, na prática da minha vida quotidiana?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 118, 1-2.16-17.22-23 (R. 24)
Refrão: Eis o dia que fez o Senhor:
nele exultemos e nos alegremos.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia. R.
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei de viver
para anunciar as obras do Senhor. R.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Senhor, Deus do universo, que, neste dia, pelo vosso Filho Unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição de Cristo, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc