18º domingo do Tempo Comum, ano C - 3 de agosto de 2025

2025 08 03 Parabola do rico nescio

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (12,13-21)

Naquele tempo, 12,13alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz ao meu irmão que divida comigo a herança». 14Mas Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?». 15E disse-lhes: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque a vida duma pessoa não depende da abundância dos seus bens». 16Disse-lhes então uma parábola: «O campo dum homem rico produziu muito. 17E ele pensava consigo: “Que hei de fazer, pois não tenho onde recolher a minha colheita? 18Vou fazer assim: deitarei abaixo os meus celeiros, edificareis outros maiores e aí recolherei todo o trigo e os meus bens. 19Então direi à minha alma: ‘Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos: descansa, come, bebe, regala-te’”. 20Mas Deus disse-lhe: “Néscio! Esta noite ser-te-á reclamada a tua alma.  E o que preparaste, para quem será?”. 21Assim acontece àquele que acumula para si e não se torna rico para Deus».

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • O episódio de hoje, exclusivo de Lucas, não aparece nos outros evangelhos. Faz parte do “caminho de Jesus para Jerusalém” (9,51-19,28), onde Lucas colocou a maior parte das informações que conseguiu reunir a respeito de Jesus e não se encontram nos outros sinóticos (cf. 1,2-3). O texto de hoje traz a resposta de Jesus à pessoa que lhe pediu para ser mediador na repartição duma herança.
  • 13: Alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz ao meu irmão que divida comigo a herança».
  • Desde sempre, a distribuição da herança entre os herdeiros tem sido uma questão delicada e, muitas vezes, ocasião de discussões e contendas sem fim. Para resolver os diferendos que surgiam nesta matéria, era frequente então as partes pedirem a mediação ou arbitragem dos rabinos. Naquele tempo, a herança tinha a ver com a identidade das pessoas (cf. 1Rs 21,1-3) e com a sua sobrevivência (cf. Nm 27,1-11; 36,1-12). O problema maior tinha a ver com a distribuição das terras entre os filhos do falecido pai. Sendo a família grande, havia o perigo da herança se esfacelar em pequenos pedaços de terra que já não poderiam garantir a sobrevivência de todos. Por isso, para evitar a pulverização da herança e manter vivo o nome da família, o filho mais velho recebia o dobro dos outros filhos, ou seja, dois terços da herança (Dt 21,17; cf. 2Rs 2,11). Neste caso, é o segundo filho que protesta contra o primogénito, que se tinha apoderado de tudo (talvez porque a herança era pequena).
  • 14: Mas Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?»
  • Na resposta, Jesus manifesta a consciência que tinha da sua missão. Não se sente enviado por Deus para arbitrar questões de repartição de heranças (cf. Ex 2,14; At 7,27.35), uma matéria do foro civil suficientemente legislada e salvaguardada pelo direito romano e demais sistemas jurídicos de então, que dispunham dos seus próprios meios para fazer valer as suas leis. Ao recusar uma missão de ordem temporal, Jesus distingue-se de Moisés (cf. Ex 18,13-26) e dos rabinos do seu tempo.
  • 15. E disse-lhes: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque a vida duma pessoa não depende da abundância dos seus bens».
  • O pedido do homem levou Jesus a dar uma palavra sobre a relação das pessoas com os bens. “Disse-lhes”, aos presentes, para prestarem atenção e se guardarem de toda a ganância (gr. pleonexia, “cupidez”, “avareza”: Mc 7,22; Rm 1,29; Ef 5,3; Cl 3,5!; 2Pd 2,14), “porque a vida duma pessoa não depende da abundância dos seus bens” (cf. Sl 49,6-9). O valor da vida duma pessoa não consiste no ter, mas em ser “rico para Deus” (cf. v. 21), pois quando a ganância se apodera do coração, não se é capaz de repartir com equidade e paz.
  • 16: Disse-lhes então uma parábola: «O campo dum homem rico produziu muito.
  • Jesus conta então uma parábola para ajudar as pessoas a refletir sobre o sentido da vida (vv. 16-20). Ela mostra a futilidade daqueles que pensam poder encontrar segurança e refúgio nas próprias riquezas, em particular em tempos de perseguição (cf. vv. 4-12).
  • 17: E ele pensava consigo: “Que hei de fazer, pois não tenho onde recolher a minha colheita? 
  • 18: Vou fazer assim: deitarei abaixo os meus celeiros, edificareis outros maiores e aí recolherei todo o trigo e os meus bens.
  • 17-18: cf. Gn 41,33-36. Na parábola abunda o pronome possessivo na primeira pessoa do singular (“meu”, “meus”, “minha”), sem que exista qualquer referência a Deus ou ao próximo.
  • 19: Então direi à minha alma: ‘Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos: descansa, come, bebe, regala-te’”.
  • “Comer, beber”: esta expressão, imagem aqui duma vida dissipada e inútil, recorre no v. 45 (17,27s; cf. Gn 25,34; Ex 32,6; Is 22,13). Unida ao verbo “regalar-se” (gr. euphraíno) aparece em Qo 8,15 (cf. Qo 9,7; Is 65,13) como um princípio de sabedoria para uma vida feliz, embora apenas a nível terreno. No Reino, porém, a única sabedoria e a verdadeira felicidade são a justiça, a misericórdia e o amor fraterno, que se traduzem na partilha dos próprios bens com os irmãos que sofrem e passam necessidade, seja eles quem forem.
  • 20: Mas Deus disse-lhe: “Néscio! Esta noite ser-te-á reclamada a tua alma. E o que preparaste, para quem será?” 
  • Primeira conclusão da parábola. A morte é uma chave importante para redescobrir o verdadeiro sentido da vida. Ela relativiza tudo, pois mostra o que perece e o que permanece. Quem só busca o ter e esquece o ser perde tudo na hora da morte: é “néscio” (Jr 17,11; cf. Sl 49,14). O judaísmo considerava que se Deus concedia abundância de bens a alguém, era para este pudesse imitar a generosidade divina, repartindo com os necessitados (cf. Tb 4,16; Dt 15,11; Pv 31,20; Is 58,7). Se o não fizesse, disso teria de prestar contas a Deus (16,2; Rm 14,12; Hb 4,13), quando lhe fosse “reclamada a sua alma” (gr. psychê, “vida”: Sb 15,8) na hora da morte, a qual pode chegar inesperadamente, sem avisar (cf. Sr 11,19; Tg 4,14ss), bem mais cedo do que se pensa, neste caso, nessa mesma noite. Transparece aqui um pensamento muito frequente nos livros sapienciais: para quê acumular bens nesta vida, se não se sabe quem vai ficar com eles (cf. Sl 49,11.17-20) e o que é que vão fazer com eles (cf. Sr 2,12.18-19.21)?
  • 21: Assim acontece àquele que acumula para si e não se torna rico para Deus». 
  • Segunda conclusão da parábola. Como tornar-se rico para Deus? Jesus di-lo pouco depois: “Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós bolsas que não se gastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça corrói, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (vv. 33-34; o mesmo em 18,22), pois “há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35).

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

      a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • O homem pediu a Jesus para o ajudar a receber a sua parte da herança. E eu, que peço eu a Deus nas minhas orações?
  • O consumismo cria necessidades e desperta em nós a ganância. Que faz para não ser vítima da ganância provocado pelo consumismo?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                                        Sl  90,3-6.12-14.17 (R. 1)

Refrão: Senhor, tendes sido o nosso refúgio através das gerações.

Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite.      R.

Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
de tarde ela murcha e seca.      R.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servos.      R.

Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.      R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva:

Mostrai, Senhor, a vossa imensa bondade aos filhos que Vos imploram e dignai-vos renovar e conservar os dons da vossa graça naqueles que se gloriam de Vos ter por seu criador e sua providência. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave-Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc