Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (13,22-30)
Naquele tempo, 13,22Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. 23Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que são salvos?». Ele respondeu-lhes: 24«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não serão capazes. 25A partir do momento em que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós ficareis de fora e começareis a bater à porta, dizendo: ‘Senhor, abre-nos!’, mas ele, respondendo, dir-vos-á: ‘Não sei de onde vós sois’. 26Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos diante de ti e ensinaste nas nossas praças’. 27Mas ele responder-vos-á: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a injustiça’. 28Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacob e todos os profetas no reino de Deus, mas vós a serdes lançados fora. 29Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus. 30Há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- 22. Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém.
O presente texto é constituído por diversos ditos de Jesus, pronunciados em contextos diferentes, mas aqui agrupados por Lucas sob o tema da necessidade de todos se arrependerem (gr. metanoéo: 10,13; 11,32 cf. 3,8), enunciada pouco antes (vv. 3.5).
A nota de que Jesus vai “caminhando para Jerusalém” (9,51) assinala o início da segunda secção (13,22–17,10) do inciso lucano da subida de Jesus para Jerusalém (9,51-19,27). Indica que Jesus estava em contínuo movimento enquanto se dirigia para a cidade santa, o objetivo final da sua jornada terrena, durante a qual vai ensinando os seus discípulos sobre aquilo que os deve caracterizar enquanto continuadores da sua missão e testemunhas do Evangelho.
- 23. Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que são salvos?». Ele respondeu-lhes:
Partindo duma questão posta por algum ouvinte não identificado, “Senhor, são poucos os que são salvos?” (cf. 1Cor 1,18), Jesus “respondeu-lhes” (no plural), dirigindo-se a todos, mostrando a diferença entre a perspetiva de salvação dos judeus (terrena) e a sua (que implica a libertação do pecado, a regeneração e a vida eterna com Deus).
A salvação era uma questão muito debatida entre os rabinos. Para os fariseus da época de Jesus, a salvação era uma realidade reservada na prática ao povo eleito (os judeus: Sahn 10,1; cf. Jo 4,22; Is 60,21), mas nos círculos apocalípticos judaicos dominava uma visão mais pessimista que sustentava que muito poucos estariam destinados à felicidade eterna (4Esd 8,3; Men 29b). Jesus, porém, fala de Deus como um Pai cheio de misericórdia, cuja bondade acolhe a todos, especialmente os pobres, os pecadores e os fracos. Que diz Ele acerca desta questão?
- 24. «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não serão capazes.
Jesus não responde diretamente à pergunta. Para Ele, o mais importante não é precisar números, mas pertencer ao Reino. Conta então duas parábolas. Na primeira, a da porta (vv. 24-27; cf. Gn 28,17), diz que, para pertencer ao Reino, é necessário “esforçar-se”, lutar (gr. agonizomai: Sir 4,28; 1Cor 9,25; Cl 4,12; 1Tm 6,12), de forma intensa e deliberada, como um atleta que se aplica a fim de alcançar a vitória, “por entrar pela porta estreita, porque muitos procurarão entrar e não conseguirão”.
A imagem da “porta estreita” (Mt 7,13s) é sugestiva, porque contrasta com os enormes portões das cidades por onde podia passar uma multidão ao mesmo tempo. A “porta estreita”, ao invés, é uma pequena passagem, apertada e baixa, através da qual cada um só com esforço e empenho pessoal (cf. 16,16)–, “consegue” (14,29s.30.33; cf. 21,36) entrar. Isso implica uma adesão total a Jesus e à sua Palavra, um forte compromisso e dedicação a eles, bem como a renúncia a uma série de fardos que “engordam” o homem e o impedem de viver segundo as exigências do Reino, tais como: o egoísmo, o orgulho, a desobediência (Hb 4,11), a cobiça, o apego às riquezas, o desejo de poder e domínio, a falta de perdão, em suma, tudo o que impede o homem de amar e servir os irmãos, na entrega e partilha com eles.
- 25. A partir do momento em que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós ficareis de fora e começareis a bater à porta, dizendo: ‘Senhor, abre-nos!’, mas ele, respondendo, dir-vos-á: ‘Não sei de onde vós sois’.
25: Mt 25,10ss. Jesus continua, dizendo que não basta entrar no Reino: é necessário pôr em prática a sua Palavra. Caso contrário, “o dono da casa” (12,39), Deus (14,21), pode “levantar-se e fechar a porta”, não sendo depois possível entrar mais alguém.
Esta nota, que sugere um ambiente noturno em que são necessárias a diligência e a vigilância (cf. 12,35-38), evoca o final da parábola das dez virgens (Mt 25,10s), indicando que há um tempo intermédio em que é preciso empenhar-se para receber a salvação, antes que a porta do Reino se feche de modo definitivo e irreversível. A porta é fechada, impedindo os ímpios de entrar onde se acham os justos e vice-versa (16,26; cf. Gn 19,10), quando se parte deste mundo. Assim, os que não tiverem atendido aos apelos de Deus, dando fruto pela perseverança enquanto estão nesta vida (8,15), serão deitados “fora” (14,35; cf. 8,20; Mt 22,13; 24,51; 25,30) como estranhos que o “Senhor” (Deus) não conhece (lit. não sei quem vós sois), como pessoas que não se sabe “donde são” (v. 27).
- 26. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos diante de ti e ensinaste nas nossas praças’.
“Tu ensinaste nas nossas praças”: o ensino da Lei aos discípulos na rua só foi proibido no séc. II pelo Rabbi Yehudah HaNasi (c. 135-217 d.C.: MQ 16a), não sendo censurado até lá. Jesus diz que não basta tê-lo conhecido, a Ele e à sua mensagem, ter convivido com Ele ou pertencer ao Povo eleito: é preciso pôr em prática o Evangelho (8,21).
- 27. Responder-vos-á: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a injustiça’.
27: Mt 7,23. “Não sei de onde sois”: é uma referência a pessoas errantes, inúteis e vazias, que não praticam o bem, mas antes a injustiça (v. 25; cf. Is 41,24. 28s). A estes, Deus não só não escuta, como também rejeita, como diz Jesus, logo a seguir, citando o Sl 6,9: “Afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniquidade”.
- 28. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacob e todos os profetas no reino de Deus, mas vós a serdes lançados fora.
28: Mt 8,11; 13,42.50; 22,13; 24,51; 25,30. A segunda parábola é a do Reino de Deus, descrito, na linha da tradição judaica, como um banquete (v. 29; cf. 14,15; Is 25,6-8; 55,1-2; 65,13-15; Sl 22,27), onde os justos comem, convivem e se alegram com Deus, com os patriarcas e os profetas. Mas os que não tiverem praticado a justiça, usando de misericórdia para com o próximo, serão lançados “fora”, ficando cheios de desespero, dor e inveja (“choro e ranger de dentes”) que os corrói, ao ver, primeiro sobre a terra e depois no mundo futuro, o exemplo e a sorte dos justos, como diz o Sl 112,10: “Ao vê-lo, o ímpio irrita-se, range os dentes e desfalece; o desejo dos ímpios perecerá”.
- 29. Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
29: Mt 8,11. O Reino destina-se a todos os povos e todas as gentes (Gn 49,10; Sl 22,27; 98,3; Is 2,2s; 11,10; 49,6; 66,18-21). Os seus “filhos” serão convocados de todas as partes da terra, “do oriente e do ocidente, do norte e do sul” (Is 43,5-7; Sl 107,3). Esta nota, que ao princípio parecia destinar-se só aos membros do povo de Israel, disperso entre as nações (cf. Is 11,12; 49,12; Jr 31,8; Br 4,36-37; Zc 8,7s; At 13,46), na realidade aplica-se a todas as gentes, tal como se deduz de Gn 28,14, aqui evocado: “A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra”, cumprindo-se assim a promessa de Deus a Abraão (Gn 12,3; 22,18; 26,4; 28,14; Sl 72,17; At 3,25; Gl 3,8). Nenhum critério baseado na pertença a um determinado povo, grupo étnico ou nação, a laços de sangue, poderá impedir alguém de entrar no Reino. Serão, pois, numerosos “os que são salvos” (v. 23), pois procederão de todas as nações da terra, entrando todos eles no Reino, passando pela porta estreita da fé em Jesus e da conversão ao Evangelho, traduzidas na prática da vida (cf. 8,21).
“Reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus“: era assim que se comia no tempo de Jesus, à boa maneira greco-romana, num banquete. Este banquete é o reino de Deus (cf. nota a v. 28).
- 30. Há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos».
30: Mt 19,30; 20,16; Mc 10,31. Por fim, Jesus destaca a liberalidade e a gratuidade da eleição de Deus, dizendo que “há últimos” (os gentios, as crianças, mulheres, pecadores, etc.) “que serão primeiros” no Reino (cf. 23,43; 7,9.40-47) e há “primeiros” (os judeus: Rm 1,16), “que serão últimos”.
Ler o texto a segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?
- Para muitos, a felicidade encontra-se no poder, no êxito, na posição social, no prestígio, no dinheiro, no consumismo, na popularidade e aceitação social. A minha opção vai mais na linha desta “porta larga” ou na linha da “porta estreita” de Jesus?
- Tenho consciência de que a Igreja de Jesus é a comunidade onde todos cabem e onde ninguém é excluído e marginalizado? Ou na nossa comunidade sucede o contrário?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 117, 1.2 (R. Mc 16,15)
Refrão: Ide por todo o mundo, anunciai a boa nova.
Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-o, todos os povos. R.
É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Senhor nosso Deus, que unis os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc