Natal do Senhor: Missa da Aurora – 25 de dezembro de 2025

Nascimento de Jesus em Belém 1

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (2,15-20)

2,15E aconteceu que depois de os Anjos se terem afastado dos pastores para o céu, eles disseram uns aos outros: «Vamos, pois, a Belém e vejamos esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer».16Vieram então apressadamente e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, deram a conhecer a palavra que lhes tinha sido dita sobre aquele Menino. 18E todos os que os ouviam admiravam-se com o que os pastores lhes diziam. 19Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração. 20E os pastores regressaram, dando glória e louvando a Deus por tudo o que tinham escutado e visto, como lhes tinha sido dito.

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

O presente texto – que escutaremos novamente, acrescido do v. 21, no dia 1 de janeiro – é a continuação do Evangelho da missa da noite de Natal (Lc 2,1-14), e exclusivo de Lucas. É a terceira parte da narrativa do nascimento de Jesus: a visita dos pastores ao Menino, deitado no presépio (vv. 9-12).

  • v. 15. E aconteceu que depois de os Anjos se terem afastado dos pastores para o céu, eles disseram uns aos outros: «Vamos, pois, a Belém e vejamos esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer».

    Depois do anjo ter “evangelizado” os pastores, anunciando-lhes a boa nova do nascimento de Jesus (v. 10) e “uma multidão do exército celeste se lhe ter juntado, louvando a Deus”, os anjos “afastaram-se” (1,38; 7,24; At 10,7) dos pastores “para o céu” (o domínio de Deus: cf. 24,51; Ne 9,6; 2Rs 2,1.11; 1Pd 3,22). Então os pastores, que se encontravam fora de Belém, apascentando o rebanho nos campos  (v. 8), obedecem à palavra do anjo e dizem: “Vamos, pois, a Belém e vejamos esta palavra”. “Palavra” (gr. rema) traduz aqui o hebraico dabar, que significa não só “palavra”, mas também “acontecimento”. “Ver a palavra” significa constatar, “vendo” (v. 17) com os próprios olhos, “a grande coisa que o Senhor realizou” (1Sm 12,16).

    “Que aconteceu”: os pastores acreditam na palavra do anjo (cf. At 13,12), tendo-a como ela realmente é, verdadeira (v. 20; 1,38; Dt 18,22), e vão a Belém, para contemplarem o que lhes tinha sido anunciado (vv. 10s).

    “E que o Senhor nos deu a conhecer”: através dos anjos, é o próprio Deus que fala. É uma alusão ao Sl 98,2: “O Senhor deu a conhecer a sua salvação e aos olhos dos gentios revelou a sua justiça”. Tidos pelos rabinos como “ladrões”, “mentirosos” e “impuros” (bKid 4,14,82a), considerados os últimos de todos (9,48; cf. 1Sm 16,11), os pastores são os primeiros a receber a Boa Nova da vinda do Messias e a acreditar nela. Boa nova que se destina antes de mais aos pobres, aos fracos e aos pecadores e se revela aos humildes e aos pequeninos (5,32; 11,21; 1Cor 1,25-29).

  • v. 16. Vieram então apressadamente e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura.

    Do Campo dos Pastores (tradicionalmente situado em Beit Sahour, “Casa do sentinela da noite”, a 2,5 km de Belém, cerca de uma hora a pé, com os rebanhos), eles dirigem-se para Belém (he. “Casa do pão”), “apressadamente” (Lc, 3x: 19,5s; Gn 18,6; Mq 4,1), impelidos pela alegria da fé na Boa Nova (cf. 1,39), pelo amor (cf. Gn 24,18.20.46) e o desejo de ver o Menino. Para encontrar Jesus, há que pô-lo, sem demora, em primeiro lugar.

    Na pequena cidade de Belém (cf. Mq 5,1) não terá sido difícil encontrar “um bebé, deitado (gr. queimenos: 23,53) na manjedoura” de uma gruta vazia, que servia de estábulo, situada fora da portas da cidade, e que nessa noite estava iluminada.

    Os pastores, entretanto, só veem Jesus depois de, entrando na gruta, terem “encontrado Maria e José”. Maria simboliza a comunidade cristã, a Igreja, e José, a adesão pela fé à Palavra de Deus (Mt 1,24; 2,13.19). Só é possível encontrar Jesus na Igreja, pela fé (cf. At 9,5s).

  • v. 17. Tendo-o visto, deram a conhecer a palavra que lhes tinha sido dita sobre aquele Menino.

    “Tendo-o visto, deram a conhecer a palavra”. São duas ações: primeiro, os pastores veem o Menino e contemplam-no, atenta e demoradamente. “Ver” (gr. oraô) indica aqui o olhar da fé que nasce do encontro com Deus em Cristo e se traduz na experiência da salvação (2,30; At 4,20). Só depois é que os pastores dão a conhecer a palavra que lhes tinha sido anunciada pelo anjo “sobre aquele Menino” (gr. paidíon, e não bréphos, como antes, nos vv. 12.16), termo que evoca Is 7,16; 9,5, onde se anuncia o nascimento do Messias.

    Evangelizados, os pastores, depois do seu encontro com Cristo, tornam-se evangelizadores: primeiro, de Maria e José, que não tinham visto, nem ouvido os anjos; depois, dos que vão encontrando pelo caminho.

  • v. 18. E todos os que os ouviam admiravam-se com o que os pastores lhes diziam.

    Lucas anota três tipos de reação ao testemunho dos pastores:

    1) a dos ouvintes, que ficam “admirados” (Lc, 12 x: 1,21.63; 2,33; 4,22; 8,25; 9,43; 11,14.38; 20,26; 24,12.41) com a surpreendente novidade que os pastores lhes anunciam sobre Jesus. Lucas não diz se estes ouvintes se encontravam então, naquela noite, no curral onde Jesus tinha nascido ou se foram pessoas que os pastores foram encontrando pelo caminho, depois de terem visto Jesus, e a quem contaram o que se tinha passado naquela noite. Mas, dada a hora tardia da noite em que os pastores foram ver Jesus, só parece plausível a segunda hipótese. Lucas também não refere nada acerca da reação destas pessoas: se acreditaram nos pastores e foram ver o Menino ou não.

  • v. 19. Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração.

    2) A de Maria, Mãe de Jesus, que, de protagonista dos acontecimentos, começa a ser discípula do seu Filho, passando a receber o Evangelho quase só da boca de testemunhas e dos discípulos do seu Filho (cf. 2,33s; 8,19ss; 11,27s). Dela refere Lucas:

    a) “Maria, porém, conservava” (v. 51; 1,66; Gn 37,11; Sr 2,15). Como verdadeira filha de Abraão, Maria crê nas promessas de Deus (cf. Dn 7,28) e no que os pastores lhe anunciam e “conserva-o” no seu íntimo, para o pôr em prática (Sr 15,15), alcançando assim a verdadeira sabedoria (cf. 8,21; 11,28; Sr 39,2; 41,14; 44,20);

    b) “todas estas palavras”: o que os pastores dizem, o que está a acontecer e como está a acontecer. É à luz da fé na Palavra de Deus, que recebe através das pessoas e lê nos acontecimentos, que Maria discerne a vontade de Deus na sua vida, como ela própria afirmara: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (1,38); c) “meditando-as” (gr. symbalein), ou seja, ligando as palavras e os acontecimentos, conjugando-os e confrontando-os entre si, a fim de discernir, à luz da Palavra de Deus, o seu sentido, que ultrapassa a compreensão humana (2,48-51);

    c) “no seu coração” (cf. Dn 7,28): “Deus procura o coração” (Sanh 106b.14): é aí que há que escutar, acolher, conservar, meditar e penetrar a Palavra de Deus, à luz da fé, a fim de, iluminado por ela, a pôr em prática, dando muito fruto (6,45; 8,12.15; 10,27; 12,34; 24,32).

  • v. 20. E os pastores regressaram, dando glória e louvando a Deus por tudo o que tinham escutado e visto, como lhes tinha sido dito.

    3) A dos pastores que, apesar de não verem um rei, mas apenas um Menino, nascido, na maior pobreza e desprezo, num estábulo e deitado numa manjedoura, nele reconhecem, pela fé na palavra que o anjo lhes anunciou, o Messias Senhor (v. 11). E “voltam” cheios de alegria, anunciando a Boa Nova a todos (10,17; 24,33) e –como Lucas gosta sempre de notar, após o relato de alguma manifestação divina ou de um milagre – “louvando e glorificando a Deus” (1,46; 4,15; 5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15; 18,43; 23,47; At 4,21; 11,18; 13,48; Sl 22,24; Dn 4,34.37). O louvor dos homens une-se ao louvor dos anjos do céu, fazendo-o ressoar sobre esta terra (v. 13; cf. Sl 56,11; 148; 150).

    “Por tudo o que tinham escutado e visto” (cf. At 4,20). A escuta precede a visão, porque a fé nasce da escuta da Palavra de Deus (Rm 10,17; Gl 3,5), sendo a que possibilita “ver”, experimentar, a salvação (2,30; cf. Jo 11,40),.

    “Como lhes tinha sido dito” (1,55.70; 2Sm 7,25; Dt 26,19; 1Rs 2,24; 5,19.26; 8,12.20; 9,5; Tb 14,5; Jn 3,3). É o que diz o Sl 48,9: “Tal como o escutámos, assim o vimos”. Deus é fiel, verdadeiro, a sua Palavra é fidedigna, cumpre-se sempre. Os pastores acreditaram na palavra do anjo, obedeceram-lhe e viram o “Salvador, que é Cristo Senhor” (v. 11).

    A atitude sapiente de Maria, a primeira discípula, é assim completada pela ação missionária dos pastores, que dão a conhecer a salvação de Deus, celebrando o Seu amor (vv. 10-14). Completa-se deste modo o ciclo da fé, típico de Lucas: 1) anúncio; 2) escuta; 3) obediência da fé; 4) caminhada; 5) experiência (“ver”) da salvação; 6) anúncio jubiloso; 7) louvor a Deus.

    Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

    a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
    d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?

  • Em que creio eu e tenho confiança? Onde ponho a minha esperança e busco a minha segurança? Em Jesus e na sua Palavra? Em mim mesmo? Nos outros? Na ciência e nas ideologias? Nas coisas do mundo?
  • Já me encontrei com Cristo na minha vida? Como? Sou feliz por isso e tenho-o anunciado?
  • Sou capaz de agradecer a Deus pelo dom da fé e por todos os outros dons que o Senhor me dá ou limito-me apenas a pedir?
  • Que vou fazer este Natal para levar Jesus, conforto e alegria aos que passam necessidade, aos que estão sós, aos afastados e marginados?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que ela inflame o coração)

Salmo responsorial                                                          Sl 97,1.6.11-12

Refrão: Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.

O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória.      R.

A luz resplandece para os justos
e a alegria para os corações retos.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor
e louvai o seu nome santo.       R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva:

Concedei, Deus todo-poderoso, que, inundados pela nova luz do Verbo encarnado, resplandeça nas nossas obras o que pela fé brilha nos nossos corações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave-Maria...

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na nossa vida)

Fr. Pedro Bravo, O.Carm.