Solenidade de S. Pedro e S. Paulo, Apóstolos - 29 de junho de 2025

São Pedro e São Paulo

 

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)

Leitura do Evangelho segundo S. Mateus (16,13-19)

Naquele tempo 16,13chegando Jesus à região de Cesareia de Filipe perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». 14Eles disseram: «Uns, que é João Baptista; outros, que é Elias, outros que é Jeremias ou um dos profetas». 15Diz-lhes Ele: «Vós, porém, quem dizeis que Eu sou?». 16Respondendo, Simão Pedro disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». 17Respondendo, Jesus disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas o meu Pai que está nos céus. 18Também Eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus».

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • 13 (vv. 13-16: Mc 8,27-30; Lc 9,18-21). O texto de hoje vem na quinta secção narrativa do Evangelho de S. Mateus (13,53-17,27), na qual ele segue em parte a sequência de Marcos. Neste episódio, porém, Mateus difere ligeiramente dos outros dois sinópticos, remodelando o texto de Marcos e ampliando-o com o testemunho da missão de Pedro (vv. 17-19). A cena divide-se em duas partes: a primeira, de caráter cristológico, centra-se na identidade de Jesus (vv. 13‑16), a segunda, de caráter eclesiológico, na figura de Pedro e na Igreja (vv. 17ss).
  • Estamos a norte da Galileia, em território gentio, a uns 60 km de Cafarnaum, na região de Cesareia de Filipe (a atual Se’ar Yashuv, em árabe: Banias), cidade marcada pelo culto aos deuses e ao Imperador, assim chamada porque começou a ser construída por volta de 2 a.C. por Herodes Filipe (filho de Herodes I) em honra do imperador (lat. César) Augusto. É aí que, segundo os rabinos, estão “as nascentes do Jordão” (Ber 55a Bar; Fl.Jos. Bell. 2,9,1: Str-B 1,101), o rio onde Jesus foi batizado por João (3,13).
  • O episódio ocorre num momento de viragem, quando emerge no horizonte da missão de Jesus a cruz. Depois dum êxito inicial, Jesus começa a experimentar a oposição crescente dos chefes e um certo desinteresse do povo. É, então, que faz junto dos discípulos um levantamento da opinião do povo acerca de si, não para avaliar a sua popularidade, mas para os confirmar na fé. Denomina-se “o Filho do Homem”, título com o qual se apresenta veladamente como o Messias-Rei (cf. Sl 80,16; Ket Ps. 80,16), que há de instaurar o Reino de Deus nos tempos do fim (Dn 7,13s), assumindo em si não só o destino do seu povo (Dn 7,18), como também a debilidade, o sofrimento e a morte de cada ser humano (Ez 2,1; Is 9,5 LXX).
  • 14. As opiniões divergem, dizem eles. A maioria partilha a superstição de Herodes, tetrarca da Galileia, afirmando que seria João Batista, que tinha ressuscitado dos mortos (14,2; cf. Jo 1,20); outros dizem que é Elias, o precursor do Messias (17,10); outros ainda, que é “um dos profetas” (21,11; cf. Mc 6,15; Lc 9,19). Só Mateus menciona no NT o nome do profeta “Jeremias” (2,17; 27,9), talvez para estabelecer um paralelo entre o sofrimento e rejeição de ambos por parte do seu povo (Sir 49,5ss; Is 53,7; Jr 11,19; At 8,32) e indicar que é em Jesus que Deus irá “reunir o Seu povo e mostrar misericórdia” (2Ma 2,7). Ninguém, porém, vê em Jesus o Messias (cf. 11,3!).
  • 15. A seguir, Jesus interpela diretamente os seus discípulos: “Vós quem dizeis que Eu sou?” O verbo “dizer” aparece 8 vezes neste texto: só é discípulo de Jesus quem confessar a sua fé nele (10,32; Rm 10,9s).
  • 16. “Simão Pedro” (Mt, 3x: 4,18; 10,2) faz-se o porta-voz dos discípulos. O seu nome é composto: “Simão”, em aramaico, é o de nascença: é o primeiro retomado por Jesus (v. 17); o segundo, “Pedro”, usado logo a seguir, foi o dado por Jesus (v. 18; Jo 1,40). Ele responde: “Tu és o Cristo”. Só Mateus acrescenta na profissão de fé de Pedro o segundo membro: “o Filho do Deus vivo” (26,63; Jo 11,27), resumindo, nestes dois títulos, a fé da Igreja. A resposta de Pedro não é inteiramente nova em Mateus, pois já antes os discípulos tinham dito: “Tu és o Filho de Deus” (14,33; 27,40.43.54; Jo 1,34.49). O que é novo na sua resposta é como começa: a profissão de fé em Jesus como o Cristo (1,1.16-18; 2,4; 11,2) feita por um homem. Jesus é o Cristo (gr.), o Messias (he.), o Ungido, sacerdote, profeta e rei (cf. Lv 21,12; Dt 18,18; Is 45,1), descendente de David, prometido por Deus ao seu povo (1,1; 2Sm 7,11-16). Entretanto, não é um simples homem, mas também o Emanuel, o Deus connosco, presente entre os homens (1,23; 28,20).
  • 17. Jesus, por sua vez, declara a nova identidade de Simão. Começa por o designar pelo seu nome oficial aramaico, “Simão bar-Ionas” (“filho de Jonas”: Jo 1,42; 21,15-17), aludindo ao que ele é, como simples homem fraco e pecador (cf. vv. 22-23). A ele, porém, o Pai, o único que conhece o Filho, revelou a verdadeira identidade de Jesus, para que professasse nele uma fé certeira, assente, não na sabedoria humana, mas na sabedoria de Deus (cf. 11,25ss). Por isso é “bem-aventurado”: porque acreditou (Lc 1,45), vendo e ouvindo o que muitos quiseram ver e ouvir e não puderam (cf. 13,6).
  • 18. Jesus prossegue, conferindo-lhe uma missão nova, indicada pelo nome novo que lhe impõe, “Pedro”, a tradução grega do aramaico Kefas (Jo 1,42; Gl 1,18), palavra que significa “pedra”, “rochedo”. No AT, Deus era designado por “rochedo” (2Sm 22,2; cf. Is 8,14). Este nome não existia antes, sendo uma originalidade de Jesus. Não é uma alcunha, para descrever o temperamento de Simão (como Boanerges, “filhos do trovão”: Mc 3,17), que é fraco e inconstante (cf. 14,28-31;26,33ss.69-75; Gl 2,11-14), mas é a imposição de um nome novo (cf. Gn 17,5; 32,28; Mt 1,21), que indica a missão nova que Jesus lhe confia.
  • Esta missão será desempenhada no seio da Igreja. “Sobre esta pedra” indica a solidez do edifício, fundado sobre a fé e o cumprimento da palavra (7,25). “Edificarei a minha Igreja”. Jesus mostra que tem a intenção de fundar algo de novo, a “Igreja”. A palavra ekklesia – que nos Evangelhos só aparece em Mateus, aqui e em 18,17 – vem dos LXX, traduzindo o hebraico qahal, a assembleia do povo congregada por Iavé. Jesus diz “a minha Igreja” porque ela é formada por aqueles que Ele redimiu, chama, convoca e salva mediante o Seu Sangue (cf. 26,28; 1 Pd 1,1-21), para neles estabelecer a Sua morada (cf. 28,19s). Note-se o trocadilho: Pedro recebe o dom e missão de ser “rochedo” na Igreja, de ser o alicerce firme e perene da fé sobre a qual Jesus edificará a sua Igreja até ao fim dos tempos (cf. 28,20). Este epíteto e promessa evocam a palavra de Deus ao povo que estava no exílio (Is 51,1s).
  • Como se deduz do contexto, a Igreja não será uma casa ou um templo, mas a própria presença do “Reino dos céus” entre os homens, o povo formado por aqueles que acolhem a revelação do Pai e seguem a Jesus, aderindo a Ele pela fé que Pedro professou e pondo em prática as suas palavras. Esta Igreja tem um alicerce firme, dado por Deus (Cristo: 1Cor 3,11), contra o qual “as portas do inferno não prevalecerão”. Trata-se duma expressão bíblica (Jb 38,17; Sl 9,14; Is 38,10; Sb 16,13), uma sinédoque, em que se toma a parte pelo todo. Significa “cidade” e, por extensão, “reino”. “Inferno”, em latim, traduz o grego Hades e o hebraico Xeol, o reino subterrâneo dos mortos, símbolo do poder de Satanás e das forças hostis a Deus, que, ao longo dos tempos, tentarão destruir a Igreja, mas que nunca sobre “prevalecerão” contra ela.
  • 19. Para que possa desempenhar tal missão, Jesus dá a Pedro “as chaves do Reino dos céus”. As chaves simbolizam o controle e domínio sobre uma casa, uma cidade ou um reino (cf. Ap 1,18; 3,7; 9,1; 20,1). No AT, quem tem as chaves é o administrador (Is 22,22), cujas funções, entre outras, são: a) administrar os bens do soberano; b) determinar que visitas podem ser introduzidas junto deste; c) fixar o horário de abertura e encerramento das portas da cidade. Já a expressão “atar e desatar” designava no judaísmo o poder de: a) interpretar com autoridade a Lei; b) declarar o que era permitido ou não; c) excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Este poder, dado também às comunidades (18,18) e aos Apóstolos (Jo 20,23), foi primeiro conferido a Pedro, de forma pessoal. Assim, se os apóstolos representam a catolicidade da Igreja, só Pedro representa a sua unidade e universalidade, isto é, toda a Igreja, na qual Pedro tem, até ao fim dos tempos, a missão de interpretar, com autoridade divina, segundo a fé da Igreja, as palavras de Jesus, de as aplicar às novas necessidades, de acolher novos membros e realidades no seu seio (cf. At 10,48; Gl 2,1-10) e de revogar as que perderam o seu sentido ou validade (cf. At 15,28s).

Ler o texto a segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?

  • Que maneiras de viver e expressar a fé em Jesus existem na nossa comunidade? Elas enriquecem-na ou prejudicam a sua caminhada?
  • Que tipo de “pedra” é a nossa comunidade? Que missão daí decorre?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                                       Sl 34, 2-9 (R. 5b)

Refrão: O Senhor libertou-me de toda a ansiedade.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.      R.

Enaltecei comigo ao Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.      R.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.      R.

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.     R.

Pai-nosso…

Oração conclusiva:

Senhor, nosso Deus, que nos encheis de santa alegria na solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, concedei à vossa Igreja que se mantenha sempre fiel à doutrina daqueles que foram o fundamento da sua fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave-Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc