14º domingo do Tempo Comum, ano C - 06 de julho de 2025

James Jacques Joseph Tissot Jesus envia os 72 discípulos

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (10,1-12.17-20)

10,1Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de vir. 2E dizia-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que mande trabalhadores para a sua messe. 3Ide! Eis que vos envio como cordeiros no meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias, nem saudeis ninguém pelo caminho. 5E em qualquer casa que entrardes, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. 6E se lá houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre eles; de contrário, voltará a vós. 7Permanecei nessa casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa. 8E em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos apresentarem, 9curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está próximo de vós o Reino de Deus’. 10Mas, quando entrardes numa cidade e não vos receberem, saí para as suas praças e dizei: 11‘Até o pó da vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos para vós. No entanto, sabei isto: está próximo o Reino de Deus’. 12Digo-vos: haverá mais tolerância naquele Dia para Sodoma do que para aquela cidade». 17Os setenta e dois discípulos voltaram com alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se submetem a nós em teu nome». 18Jesus disse-lhes: «Via Satanás a cair do céu como um relâmpago. 19Eis que vos dei a autoridade para pisar serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos poderá causar dano. 20Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão inscritos nos céus».

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • A passagem de hoje vem na sequência do Evangelho do domingo passado (v. 1; 9,52). Apresenta-nos primeiro a missão dos setenta e dois discípulos (vv. 1-12) e, depois, o seu regresso (vv. 17-20), omitindo as imprecações de Jesus contra as cidades incrédulas (vv. 13-16). A pregação de Jesus atraía muita gente e o seu primeiro cuidado, o ponto em que insistia sempre, foi o de criar e formar comunidades.
  • 1: Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de vir.
  • ( 1-12: 9,1-6; Mt 10,7-16; Mc 6,8-11). Lucas apresenta Jesus como “o Senhor” (gr. Kyriós, he. Adonai), o título reservado no AT para pronunciar o nome de Iavé.
  • “Designou outros setenta e dois”. É uma nota exclusiva de Lucas, que apresenta Jesus rodeado doutros discípulos, além dos “doze” apóstolos (8,1ss; 24,33; At 1,21s). “Designar” (gr. anadeíknumi: At 1,24) significa “escolher, apontando o nome“. 72 era o número de nações gentias da terra na tabela dos povos de Gn 10, segundo os LXX (Setenta), a versão grega da Bíblia que se lia na Igreja apostólica. No original hebraico essas nações são 70. Diversos manuscritos seguem esta lição, sendo então este texto uma alusão aos 70 anciãos instituídos por Moisés (Nm 11,16s.24s). Nestes 72 (6x12), que, tal como os Doze (9,1), são “enviados” (gr. apostéllô: vv. 3.16; 9,2.48.52), está representada a missão de toda a Igreja (6+1=7x12) e cada cristão. Jesus não gosta de trabalhar sozinho: Ele chama para junto de si pessoas que vivam com Ele e o ajudem na sua missão (cf. At 1,21s). Este grupo é o embrião da futura Igreja.
  • Os discípulos são enviados “dois a dois” (Mc 6,7), de modo a assegurar que pela palavra de, pelo menos, duas testemunhas (cf. 24,48; At 1,8), o seu testemunho seja considerado válido (cf. Dt 19,15), garantindo a presença do Senhor no meio deles (Mt 18,20). O anúncio do Evangelho não é uma iniciativa pessoal, mas uma tarefa comunitária (cf. At 13,2).
  • Eles são enviados “à frente” de Jesus (lit. “diante da sua face”) como seus mensageiros (gr. angelós: 7,27; 9,52; At 13,27; Ex 23,20; Ml 3,1), pastores e guias do seu povo (cf. Nm 27,17; 1Sm 18,16).
  • “A todas as cidades e lugares aonde Ele havia de vir”: Jesus quer chegar a todos e é através do anúncio e do testemunho dos seus discípulos que Ele “vem” (3,16; 7,19s; 11,2; 12,40; 19,38) a todo o que acredita nele e na sua palavra.
  • 2: E dizia-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que mande trabalhadores para a sua messe.
  • Jesus indica a seguir o modo como se deve concretizar a missão. Na base desta está a oração (cf. At 6,4). É nela que os seus discípulos poderão haurir amor, luz e força irradiante. Nesta devem pedir “ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,37s). “Messe” (gr. therismós) é ao mesmo tempo “seara” e “colheita”: é uma imagem do juízo final (cf. Mt 13,39; Ap 14,15), que já começa a atuar-se com o anúncio do Evangelho (cf. v. 12; Mc 16,16). “A messe é grande” porque se deve estender a todo o mundo. O trigo (as pessoas) já está maduro, chegou o momento de pôr mãos à obra, sem demora, não vá perder-se a colheita (cf. Jo 4,35s). Os discípulos, porém, não são os donos da messe, que é Deus, mas seus cooperadores (cf. 1Cor 3,9), nela sendo chamados não a promover a sua própria imagem ou “clientela”, mas a comunhão e a participação de todos na missão de difundir e edificar o Reino de Deus.
  • 3: Ide! Eis que vos envio como cordeiros no meio de lobos.
  • Jesus envia-os e alerta-os dos destinatários. A missão não será fácil. Os discípulos não deverão envolver-se em discussões ou contendas, mas proceder com mansidão e humildade (cf. Mt 11,29), pois são enviados “como cordeiros no meio de lobos” (cf. Sr 13,17), a um mundo dominado pelo pecado e regido por pecadores, que se oporão a eles e procurarão destruir a sua obra de discípulos-missionários, “trabalhadores” (cf. At 20,29; Jo 10,12).
  • 4: Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias, nem saudeis ninguém pelo caminho.
  • Jesus acrescenta uma exigência de pobreza e simplicidade. Eles não devem levar nada: nem bolsa para o dinheiro, nem alforge para mantimentos (9,3; 22,35s), nem sandálias. A eficácia do Evangelho não provém dos meios materiais, mas reside na força da Palavra. A missão é urgente (2Rs 4,29), pelo que não devem deter-se pelo caminho nas intermináveis saudações típicas da cortesia oriental.
  • 5: E em qualquer casa que entrardes, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’.
  • Eles vão como embaixadores de Cristo e núncios da paz, logo desde o momento da saudação inicial, “a paz” (shalom: 24,36; Jo 20,19; 1Sm 25,5s). 
  • 6: E se lá houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre eles; de contrário, voltará a vós.
  • A tarefa fundamental dos discípulos é difundir a paz, construir a comunhão. O único bem que devem levar consigo, o seu primeiro anúncio e testemunho, é a paz messiânica, que preside ao Reino (1,79; 2,14; 19,38.42) e neles e entre eles deve reinar, mesmo quando forem insultados e rejeitados (1Pd 4,14). 
  • 7: Permanecei nessa casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa.
  • Eles devem abandonar-se à providência divina, aceitando o que lhes derem (Fl 4,18), pois o trabalhador é digno do seu salário (1Cor 9,4-14; Nm 18,31). Não devem andar “de casa em casa” (9,4), buscando uma hospitalidade mais confortável ou cobiçando os bens das pessoas (2Cor 12,14).
  • 8: E em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos apresentarem.
  • O anúncio do Reino destina-se a todos, não apenas aos judeus, presos às leis relativas à pureza dos alimentos (cf. Lv 11,2-47; Dt 14,3; Mc 7,19; At 10,14; 11,8; Cl 2,16), mas, mais tarde, também aos gentios. Daí a injunção a comerem do que lhes servirem (1Cor 10,27; Rm 14,14-17).
  • 9: Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está próximo de vós o Reino de Deus’.
  • A evangelização não se faz só com palavras, que anunciam a salvação, mas também com obras, que a atuam. Os discípulos devem ir também ao encontro dos enfermos “que nela houver” – na casa e na cidade – e curá-los (9,2; Mc 16,18), como sinal da presença do Reino no meio dos homens (v. 11; Mt 3,2; 4,17).
  • 10: Mas, quando entrardes numa cidade e não vos receberem, saí para as suas praças e dizei.
  • Jesus indica a seguir o que eles devem fazer, caso o anúncio do Reino seja rejeitado.
  • 11: ‘Até o pó da vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos para vós. No entanto, sabei isto: está próximo o Reino de Deus’.
  • 9,5p; cf. At 13,51. Quando um judeu voltava de uma terra estrangeira, antes de entrar em Israel, sacudia primeiro o pó dos pés, não fosse levar consigo alguma impureza. Neste caso, os discípulos devem dizer aos que os rejeitaram que nenhuma responsabilidade têm da rejeição deles.
  • 12: Digo-vos: haverá mais tolerância naquele Dia para Sodoma do que para aquela cidade».
  • A rejeição do seu anúncio fará com que os que nele não crerem continuem sujeitos ao pecado e às suas consequências (cf. Mt 11,24), devendo responder «naquele Dia», ou seja, o dia do juízo final (17,31; 2Ts 1,10; 2Tm 1,18; 4,8), de uma forma mais rigorosa que Sodoma, símbolo do pecado e do justo julgamento de Deus (cf. Gn 18,20; 19,24; Dt 29,23; Is 3,9; Lm 4,6; 2Pd 2,6; Jd 1,7).
  • Os vv. 13-16 são omitidos.
  • 17: Os setenta e dois discípulos voltaram com alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se submetem a nós em teu nome».
  • Por fim, Lucas refere o resultado da ação missionária dos discípulos, que voltam e contam a Jesus o que fizeram (9,10p), cheios de alegria por até os demónios se lhes submeterem em nome de Jesus (9,49; Mc 16,17).
  • 18: Jesus disse-lhes: «Via Satanás a cair do céu como um relâmpago.
  • Jesus acolhe-os com palavras que anunciam a presença libertadora do Reino. A rápida e revoltada (Na 2,5) “queda de Satanás” (cf. Is 14,12; Ap 12,8s) indica que o seu reino já começou a ruir em confronto com o Reino de Deus (Jo 12,31).
  • 19: Eis que vos dei a autoridade para pisar serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos poderá causar dano.
  • “Eis que” é sinónimo de “vede que”. Jesus dá-lhes autoridade (gr. exousía) para “pisar”, ou seja, “caminhar vitoriosamente sobre” (cf. 21,24; Is 26,6) as serpentes e os escorpiões, símbolos do “inimigo”, do diabo (Mt 13,39), e das forças do mal (Sl 91,13; Gn 3,15; Rm 16,20; Mc 16,18; At 28,6).
  • 20: Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão inscritos nos céus».
  • Apesar do êxito da missão, Jesus põe os discípulos de sobreaviso em relação ao orgulho: eles não devem ficar contentes pelo poder que lhes foi dado, mas porque os seus nomes estão “inscritos no céu”, no livro onde estão registados os nomes dos eleitos (Ex 32,32; Is 4,3; Dn 12,1; Fl 4,3; Ap 3,5; 13,8; 17,8; 20,15; 21,27), começando assim a participar já aqui na terra na alegria do Reino dos céus.

Ler o texto a segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?

  • Estou consciente que o Senhor me chama também à missão? Como anuncio Jesus? Dou testemunho do Evangelho na minha vida?
  • Jesus já chegou ao meu local de trabalho, escola ou família? Que é preciso fazer, a nível pessoal e comunitário, para que isso aconteça?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                    Sl 66,1-3a.4-7a.16e.20 (R.1)

Refrão: A terra inteira aclame o Senhor.

Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores, dizei a Deus:
«Maravilhosas são as vossas obras».     R.

A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome.
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua ação pelos homens.     R.

Mudou o mar em terra firme,
atravessaram o rio a pé enxuto.
Alegremo-nos n’Ele:
domina eternamente com o seu poder.     R.

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia.     R.

Pai-nosso…

Oração conclusiva:

Senhor, nosso Deus, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave-Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc