 
 
Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
 T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
 A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
 T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (16,1-13)
Naquele tempo, 16,1Jesus dizia ainda aos discípulos: «Havia um homem rico que tinha um administrador que lhe foi denunciado por andar a desbaratar os seus bens. 2Chamando-o, disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não podes continuar a administrar’. 3O administrador disse para consigo: ‘Que hei de fazer agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar, não tenho força; de mendigar, tenho vergonha. 4Já sei o que hei de fazer, para que, quando for retirado da administração, haja quem me acolha em sua casa’. 5Chamando a si, um por um, os devedores do seu senhor, disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: 6‘Cem talhas de azeite’. E ele disse-lhe: ‘Toma o teu recibo, senta‑te depressa e escreve: cinquenta’. 7Depois disse a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma o teu recibo e escreve: oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador injusto, por ter agido com prudência. De facto, os filhos deste mundo são mais prudentes a lidar com os da sua geração do que os filhos da luz. 9Também Eu vos digo: fazei amigos com o mammon da injustiça, para que, quando este vier a faltar, vos recebam nas tendas eternas. 10Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. 11Se não fostes fiéis no mammon da injustiça, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos dará o vosso? 13Nenhum servo doméstico pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro; ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a mammon».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
O presente texto tem duas partes: a parábola do administrador injusto (vv. 1-8), exclusiva de Lucas; e um conjunto de ditos de Jesus sobre o uso das riquezas (vv. 9-13), todos eles próprios de Lucas, exceto o último (v. 13).
- v. 1. Jesus dizia ainda aos discípulos: «Havia um homem rico que tinha um administrador que lhe foi denunciado por andar a desbaratar os seus bens.
 Na primeira parte, Jesus conta uma parábola partindo, uma vez mais em Lucas, do exemplo de um anti-herói, aqui um “administrador” (gr. oikonómos: 12,42; Gl 4,2; cf. 1Cor 4,1s; Tt 1,7; 1Pd 4,10), que, neste caso, é um servo de confiança que é feitor dum proprietário rico. Acontece que este administrador é denunciado ao proprietário por andar a “desbaratar” (gr. diaskorpízo: “lançar ao ar”; não “esbanjar”: 15,13) os bens dele, especulando com eles e criando animosidades contra o proprietário.
 Na época, os administradores agiam em nome dos proprietários, que, em geral, viviam na cidade ou no estrangeiro. Como não tinham salário, pagavam-se, fixando uma comissão sobre as rendas que recebiam e cobrando juros sobre os empréstimos que faziam. Variando cada ano o preço dos produtos agrícolas, conforme as colheitas, e não tendo em anos de carestia os agricultores com que pagar, eram obrigados a contrair empréstimos junto do administrador, não era sendo rara, nem neste caso, nem na fixação das rendas, a prática da usura por parte dos administradores.
- v. 2. Chamando-o, disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não podes continuar a administrar’.
 Atendendo a queixas que lhe tinham feito, o senhor vem, chama o administrador e manda apresentar-lhes as contas (vv. 6-7), prestando “razão” por escrito (gr. lógos: Hb 4,13; 13,17) da sua administração. O proprietário quer, assim, apurar responsabilidades e comprovar se é verdadeira a acusação que pende sobre ele.
- v. 3. O administrador disse para consigo: ‘Que hei de fazer agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar, não tenho força; de mendigar, tenho vergonha.
 Vendo-se descoberto, perante a ameaça do patrão e a perspetiva de perder o emprego, o administrador pondera no seu íntimo (cf. 12,17; 15,17; 18,4) sobre o que há de fazer. Uma coisa é certa: não vai ser fácil arranjar emprego e na miséria não vai querer passar o resto dos seus dias.
- v. 4. Já sei o que hei de fazer, para que, quando for retirado da administração, haja quem me acolha em sua casa’.
 Arquiteta então um hábil estratagema para, uma vez despedido do cargo (cf. Is 22,19), não cair na miséria: renunciar à sua comissão (ou a boa parte dela), exigindo aos devedores apenas o que era devido ao proprietário e pagar isso a este. Desta forma, conseguiria granjear a amizade dos devedores, que, ignorando o que se passava, pensariam tratar-se dum ato de generosidade da parte dele, que se tinha compadecido das suas dificuldades e resolvido ser honesto. Vendo-o mais tarde desempregado, a passar necessidade, ajudá-lo-iam, gratos, recebendo-o em sua casa. Uma manobra hábil, em que todos saiam a ganhar, inclusive o proprietário.
- v. 5. Chamando a si, um por um, os devedores do seu senhor, disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’ Ele respondeu:
 O administrador chama, então, discretamente, “um por um”, os devedores (cf. 7,41) e diz-lhes para só anotarem no recibo a dívida que tinham “ao seu senhor”, o proprietário (incluindo, eventualmente, nela também uma pequena comissão para si). Jesus menciona apenas dois casos, a título ilustrativo.
- v. 6. ‘Cem talhas de azeite’. E ele disse-lhe: ‘Toma o teu recibo, senta‑te depressa e escreve: cinquenta’.
 O primeiro arrendatário devia cem talhas de azeite, literalmente 100 batim. O bath era uma medida hebraica de capacidade correspondente a 39,4 litros, somando neste caso um total de 39,4 hectolitros de azeite (235 almudes), o equivalente à produção de cerca de 150 oliveiras. Na época, os recibos eram escritos à mão (gr. queirógraphon: “quirógrafo”: cf. Cl 2,14), assinados pelo arrendatário ou pelo devedor e contra-assinados pelo feitor ou pelo credor, ficando cada parte com uma metade do recibo, assim escrito e assinado por ambos (cf. Tb 5,3). O administrador dá, pois, o recibo ao devedor e diz-lhe para se apressar e anotar nele, por baixo, apenas metade da dívida (cf. Flávio Josefo, Antiguidades 18, 6, 3), ou seja, praticamente a parte do proprietário, dando-se desta forma por saldada a comissão (ou parte substancial dela) do administrador. Neste caso, a comissão que o administrador tinha cobrado era, pelo menos, 100%, sendo francamente usurária. Não estamos, pois, aqui, perante uma fraude, mas perante um gesto de generosidade por parte do administrador que em nada prejudicou o proprietário, mas apenas se privou a si mesmo da comissão (exorbitante!) que, no princípio, tinha exigido.
- v. 7. Depois disse a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma o teu recibo e escreve: oitenta’.
 O devedor seguinte devia 100 medidas de trigo, em hebraico kor, a medida de capacidade para cereais que equivalia a 10 batim, ou seja, a 394 l. A dívida ascendia a 39.400 litros de trigo (2.850 alqueires), a produção de cerca de 40 hectares de terreno, sendo, neste caso, a comissão de, pelo menos, 20%. Mas, como o volume de trigo era dez vezes maior do que o do azeite, a comissão que o administrador recebia era o dobro da anterior. O administrador dá-lhe o recibo e manda-o escrever “oitenta”, a parte a pagar ao proprietário, assinando o devedor por baixo e contra-assinando ele, ficando cada um com metade do recibo, dando-se assim por saldada a comissão (ou parte substancial dela) que o administrador tinha estipulado a este devedor, mas à qual ele agora (em grande parte) renuncia.
- v. 8. E o senhor elogiou o administrador injusto, por ter agido com prudência. De facto, os filhos deste mundo são mais prudentes a lidar com os da sua geração do que os filhos da luz.
 Ao saber disto, o senhor elogiou a “prudência” (esperteza) do administrador, a quem não chama desonesto – porque, de facto, ele nada fez aqui de desonesto (nem ele, nem o devedor) –, mas “injusto”, porque, além da sua comissão, ele tinha exigido juros pelos empréstimos que fazia, o que a Lei interditava a um israelita fazer a outro israelita (cf. Ex 22,24; Lv 25,36s; Dt 23,20s; cf. Ez 18,8.13.17; Sl 15,5).
 “O senhor” (ou seja, Jesus) “elogiou o administrador injusto por ter agido com prudência”. Jesus elogia o administrador: primeiro, por voltar a praticar a Lei; depois, por ter reconhecido que era mais importante assegurar a sua vida e investir no seu futuro, o que não era possível continuando a ganhar e a enriquecer injustamente à custa dos outros, mas que só podia acontecer se granjeasse amigos com a sua generosidade, partilhando com os necessitados os seus bens; por fim, por ter renunciado à parte a que tinha direito – ou a parte substancial disso – em prol da reconciliação, ou seja, do restabelecimento da amizade com aqueles a quem estava a explorar, reparando desta forma o mal que estava a fazer (cf. 19,8).
 Jesus conclui, elogiando também “os filhos deste mundo” (20,34), as pessoas mundanas, “que são mais prudentes a lidar com os da sua geração do que os filhos da luz” (Jo 12,36; 1Ts 5,5; Ef 5,8; Hen 108,11), os cristãos, que, regenerados pelo batismo, foram interiormente iluminados por Cristo (Hb 6,4; 10,32). Os filhos deste mundo têm mais tato, são mais flexíveis, espertos e eficazes no trato com os seus semelhantes, procurando agradar-lhes – apesar de só buscarem o seu próprio benefício – do que os filhos da luz, que têm fé, são mais ingénuos e não raro se fixam em aspetos secundários, acabando por fazer com que tudo se perca.
- v. 9. Também Eu vos digo: fazei amigos com o mammon da injustiça, para que, quando este vier a faltar, vos recebam nas tendas eternas.
 Na segunda parte (vv. 9-13), Lucas reúne diversos ditos de Jesus sobre o uso das riquezas. Jesus exorta os discípulos, argumentando do menos para o mais. Se o administrador injusto soube ser prudente no uso das riquezas, muito mais sabiamente devem saber lidar com elas os seus discípulos. As riquezas só são um bem útil se servirem, não para fazer guerras, como o mundo costuma fazer por causa delas (cf. 1Tm 6,10), mas para partilhar, ajudando os necessitados. Farão assim bons amigos com elas: os pobres e Deus, que é amigo dos pobres e amigo dos que destes são amigos (cf. Pv 19,4.17).
 Jesus chama as riquezas mammon (Hen 63,10), palavra aramaica que significa “confiança”, designando as riquezas acumuladas. São “da injustiça”, porque são ganhas de forma injusta e acumuladas por uns poucos, enquanto tantos passam fome.
 A partilha das riquezas torna-se um imperativo de justiça quando se lesou o próximo nesta matéria e agora se quer converter a Cristo (3,7-14; 7,29; 11,42). Tal pessoa deve reparar, logo que puder, o mal praticado (19,8s). Só assim será possível, quando as riquezas “vierem a faltar” – isto é, quando, pela morte, se deixar este mundo – que vos recebam nas tendas eternas (Ap 13,6; 21,3; Hen 39,4). O sujeito do verbo “receber” não está explícito, mas o verbo está no plural (cf. 6,38), designando, em primeiro lugar, Deus e, depois, juntamente com Ele, os que foram ajudados por aquele que partilhou.
 “Tendas eternas” é uma perífrase rabínica para evitar pronunciar o nome de Deus; designa a morada eterna de Deus com os seus amigos, os justos, no Reino dos céus (13,28; cf. Jo 14,2s). Há que garantir não tanto a vida sobre a terra, que é passageira (cf. 1Cor 7,29-31) e não depende das riquezas (12,15), como a verdadeira vida, a eterna, partilhando com os pobres e necessitados, acumulando assim um tesouro nos céus (12,33).
- v. 10. Quem é fiel no pouco também é fiel no muito, e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.
 Há que ser “fiel”, verdadeiro, justo, honesto e digno de confiança na prestação atempada e transparente das contas e no uso diário dos bens terrenos, servindo-se deles segundo o Evangelho. Eles são um bem efémero, que nos foi confiado, de “pouco” valor em comparação com o “muito” do único “verdadeiro” bem, de incomparável valor, que jamais passará: a vida eterna (19,17; Mt 25,21).
- v. 11. Se não fostes fiéis no mammon da injustiça, quem vos confiará o que é verdadeiro?
 Quem não for fiel no uso das riquezas, também o não será no “que é verdadeiro”, ou seja, no bem verdadeiro, a vida da graça e a prática da fé.
- v. 12. E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? O “alheio” são os bens deste mundo. Isto não se refere apenas às riquezas, ao dinheiro, mas também a tudo o que a pessoa tem. De facto, os bens deste mundo, os dons e qualidades que temos, não são uma posse pessoal, mas são dons que Deus nos deu e nos confiou para os usarmos de acordo com a sua Palavra, ou seja, para O servir e os partilhar, pondo-os ao serviço dos outros, fazendo o bem e socorrendo os pobres e os necessitados. Se os discípulos não partilharem os seus bens, não lhes serão confiadas as verdadeiras riquezas do Reino de Deus. Se partilharem os bens, que são um empréstimo de Deus, receberão como seu o tesouro do céu, a vida eterna, que nos foi conquistada por Jesus Cristo.
- v. 13. Nenhum servo doméstico pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro; ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a mammon».
 v. 13: Mt 6,24. Por último, Jesus adverte contra a tendência do homem a fazer das riquezas o centro e o objetivo da sua vida, ou seja, o seu deus. Deus e a riqueza são de tal modo opostos, que os cristãos terão sempre de optar por aderir ao Evangelho, decidindo-se com lealdade por Deus e pelo seu Reino de fraternidade, de amor e de partilha, em especial com os necessitados; ou acabarão por sucumbir na idolatria da ganância (cf. Cl 3,5), tornando-se escravos das riquezas, enveredando pela exploração, a mentira, a falsidade e, mesmo, a fraude que afastam de Deus, oprimem os outros, esmagam o pobre e sufocam a Palavra (cf. 8,14).
          Ler o texto uma segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio... d) Partilha...
e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?
- Qual é o critério que sigo quando tenho de fazer opções e resolver os meus problemas? O Evangelho desempenha aqui algum papel?
- Entre Deus e o dinheiro, o que é que escolho? Até onde sou capaz de ir por causa do dinheiro? E por Deus, que faço?
- “Ser fiel no pouco”: como ponho em prática o Evangelho de hoje?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que ela inflame o meu coração)
Salmo responsorial Sl 113,1-2.4-8 (R. cf. 1a.7b)
Refrão: Louvai o Senhor, que levanta os fracos.
Louvai, servos do Senhor, 
 louvai o nome do Senhor. 
 Bendito seja o nome do Senhor, 
 agora e para sempre.     R.
O Senhor domina sobre todos os povos, 
 a sua glória está acima dos céus. 
 Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas 
 e Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra?     R.
Levanta do pó o indigente 
 e tira o pobre da miséria, 
 para o fazer sentar com os grandes, 
 com os grandes do seu povo.     R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Senhor, nosso Deus, que fizestes consistir a plenitude da lei no vosso amor e no amor do próximo, dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento, para alcançarmos a vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, unidos a Cristo e em Cristo, encarnando-a e testemunhando-a na nossa vida)
Fr. Pedro Bravo, oc
 
																																	 
																			