
Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Mateus (11,25-30)
Naquele tempo, 11,25Jesus exclamou: «Eu Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, ó Pai, Eu Te louvo, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo Me foi entregue por meu Pai; ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar. 28Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos darei descanso. 29Tomai o meu jugo sobre vós e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, 30porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
Após o “discurso da missão” (9,36-11,1), o segundo discurso de Jesus no Evangelho segundo S. Mateus, o evangelista introduz uma secção narrativa, onde apresenta as reações e as atitudes que diversas pessoas e grupos têm perante Jesus e o Evangelho do Reino (11,2-12,50). É nesta secção que se insere o presente texto. Ele compõe-se de três “ditos” de Jesus: os dois primeiros (vv. 25-27) são comuns a Lucas (Lc 10,21-22) e o terceiro dito (vv. 28-30) é exclusivo de Mateus.
- v. 25. Jesus exclamou: «Eu Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.
(vv. 25-26: Lc 10,21). O primeiro dito de Jesus é uma confissão pública de louvor (he. todah; gr. exomológesis; lat. confessio: Sl 95,2; 100,1.4; 136,26; Tb 12,6.22; 13,7; Sir 51,1) de Jesus a Deus, a quem invoca como “Pai” (5x, aqui) e confessa ser o único (cf. v. 27: “tudo”) “Senhor do céu e da terra” (cf. 28,18; Js 2,11; 1Rs 8,23; 1Cr 29,11; Ne 9,6; Est 4,17c; Jn 1,9; Is 45,18; Jr 23,24).
Jesus louva o Pai porque escondeu (gr. kryptô: “cobriu”, “ocultou”) “estas coisas”, ou seja, “os mistérios do Reino dos céus” (13,11) – guardados desde toda a eternidade em Deus (cf. 10,26; 13,35; Rm 16,25; 1Cor 2,7; Ef 3,9; Cl 1,26s; 2,2s; 1Tm 3,16) e agora manifestados e dados a conhecer aos homens através da sua Pessoa, palavras, obras e missão –, “aos sábios e entendidos” (Is 29,14!), ou seja, aos fariseus, escribas e doutores da Lei, que se consideravam justos, conhecedores e cumpridores da Lei (“sábios”), que interpretam a Palavra de Deus à sua maneira, segundo os seus próprios esquemas rígidos, confiando nos seus méritos, e apresentando-se a si mesmos como “justos” e únicos detentores da verdade (“entendidos”), quando, na realidade, em vez de ajudar as pessoas, as impediam de chegar a Deus, com as suas normas, que não passavam de preceitos humanos (cf. 15,9; Is 29,13).
“Mas as revelaste” (gr. apolalýpto: “des-cobrir”), por Tua graça, “aos pequeninos” (gr. népios, “criança desmamada”, dos 3-7 anos: 21,16), ou seja, aos simples, sem instrução (cf. Sr 51,23), aos que se arrependem, reconhecendo que são pecadores, necessitados de salvação (cf. v. 20; 3,9), e que, por isso, se abrem a Jesus e acolhem com alegria a sua Palavra, deixando-se amar, ensinar e guiar por Ele (cf. 18,3; 19,14).
- v. 26. Sim, ó Pai, Eu Te louvo, porque assim foi do teu agrado.
É nestes “pequeninos” que o Pai se “compraz” (cf. 18,10), pois é com eles que Jesus, seu Filho, se identifica (cf. 18,5; 25,40.45).
- v. 27. Tudo Me foi entregue por meu Pai; ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar.
v. 27: Lc 10,22. O segundo dito de Jesus relaciona-se com o anterior. É uma fórmula de revelação, onde Jesus mostra o que é que foi escondido aos sábios e entendidos e revelado aos pequeninos: “o mistério” do Reino de Deus, ou seja, o desígnio salvífico de Deus, em Jesus Cristo (cf. Ef 1,9s). “Tudo” – a revelação definitiva de Deus, o seu desígnio salvífico, a redenção do homem, a obra e economia da salvação – foi “entregue” pelo Pai a Jesus (cf. 28,18; Dn 7,14; Jo 3,35; 13,3), porque Ele é “o Filho”, a “expressão da sua substância” (Hb 1,3).
Os “sábios e entendidos” pensavam que bastava esmiuçar a Lei, para conhecer Deus e fazer a sua vontade. Jesus diz que a vontade de Deus é que todos O conheçam como Pai e reconheçam Jesus como o seu Filho eterno (Jo 17,3). “Conhecer” (gr. epiginôskô: “conhecer exatamente”; “reconhecer”) não significa aqui apenas “conhecer”, ter a experiência pessoal, íntima, de Deus, numa vida de profunda união com Ele, mas também “reconhecer”, “descobrir”, “perceber” que Deus e Jesus têm uma relação única, exclusiva e divina entre si, em que Deus é “o Pai” de Jesus, e Jesus “o Filho” unigénito de Deus, o único que leva ao Pai e O dá a conhecer (Jo 1,18; 14,6) de forma plena e definitiva, pois só Ele, Deus feito homem (1,23), é a revelação do Pai.
- v. 28. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos darei descanso.
O terceiro dito de Jesus (vv. 28-30), exclusivo de Mateus, é um convite que Jesus faz a vir a Ele. No seu tríplice apelo – a) “vinde a Mim”, b) “tomai o meu jugo” e c) “aprendei de mim” –, Jesus aplica a si mesmo as palavras da sabedoria divina (Sr 24,14; 51,23.26s), apresentando-se implicitamente como a sabedoria de Deus encarnada (cf. 11,19; 12,42).
O convite de Jesus “vinde a Mim” dirige-se; a) a “todos”, não só aos judeus, mas também aos gentios; b) “que estão cansados” (lit. “exaustos”), buscando, com trabalho árduo, o que não sacia (cf. Is 55,2); c) “e oprimidos” pelo fardo da Lei – tornado insuportável pelos rabinos (cf. v. 30; 23,4) –, o “jugo da escravidão” que sobre eles pesava (cf. Gl 5,1; Sr 40,1; Hb 2,15).
Ao convite, segue-se a promessa: “E Eu vos darei descanso”, ou seja, vos restaurarei (gr. anapaúô: v. 29), dando-vos o efetivo repouso sabático, regenerador (cf. Ex 23,12; Dt 5,14), do Espírito Santo (cf. Is 11,2), que vos liberta de todos os vossos inimigos (cf. 2 Sm 7,11; 1Cr 22,9), vos cura e vos salva, para que, reconfortados com o meu manjar (cf. 26,26ss; Ez 34,14s; Sl 23), possais caminhar na presença de Deus (cf. Ex 33,14), segundo a minha Palavra (cf. Jr 6,16), gozando da verdadeira paz (cf. Is 32,18; Cl 1,19s; Ef 2,14-18).
- v. 29. Tomai o meu jugo sobre vós e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.
Os rabinos aplicavam a imagem do “jugo” à Lei de Deus, a suprema norma de vida (cf. Sir 51,26-27;6,24-30). Embora sustentassem que a Lei não era um “jugo” pesado, na realidade tinham feito dela um “jugo” pesadíssimo, pois ninguém conseguia cumprir todos os 613 mandamentos da Lei escrita e oral (cf. At 15,10; Rm 2,17-23). Sendo o jugo uma peça de madeira grossa, adaptada ao cachaço de dois animais, que serve para os apor ao carro ou ao arado, a imagem sugere um trabalho (cf. Jo 6,27ss), a ser feito pelo discípulo em conjunto com Jesus neste caso, o de pôr em prática a Sua palavra, o Evangelho.
Quem toma o jugo de Jesus, é libertado por Ele da escravidão da Lei, para O seguir, unido a Ele, como seu único Mestre e Guia (23,9.11), dele aprendendo a viver segundo o Evangelho. A este Jesus convida a entrar na sua escola, para dele aprender a ser um verdadeiro discípulo seu, sendo manso e humilde como Ele, que o é, bem mais do que Moisés (Nm 12,3!).
“Manso” (Mt, 3x: 5,5; 21,5) é aquele que é dócil na sua relação com o próximo (cf. 1Pd 3,4s) e que, mesmo quando é insultado ou privado dos seus direitos, não replica, nem alimenta sentimentos de ódio ou de vingança. Jesus é o “Servo de Iavé” que não levanta a voz (12,18-21; Is 42,2) e que, como “manso cordeiro” que não abre a boca, é conduzido ao matadouro (cf. Jr 11,19; Is 53,1-12), levando a cabo, sem desanimar, nem desfalecer, a sua missão de libertar o homem da escravidão do pecado (cf. Ez 34,27), até que a sua salvação chegue aos confins da terra (cf. Is 42,4).
“Humilde” é o “pobre em espírito” (5,3) que, cônscio do seu nada, fraqueza e impotência, não ambiciona o que é alto (cf. Rm 12,16), mas aceita a realidade, a sua condição de criatura (cf. Tg 1,9), assumindo a sua dependência de Deus, reconhecendo que Deus é tudo e que tudo o que ele é, pode e tem é dom de Deus, aspirando apenas a fazer o que é agradável a Deus (cf. Sf 2,3; 3,12; 1 Pd 5,5), apoiado no poder da Sua graça (cf. 2Cor 12,9s).
Jesus é “manso e humilde de coração”, no seu íntimo, diante de Deus, a partir da raiz do seu ser. Porém, só O reconhecem, dele aprendem e nele “encontram descanso” (v. 28), os “pequeninos” (v. 25) que acolhem a revelação do Pai (cf. 16,17). - v. 30. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve».
Para os pequeninos, que são mansos e humildes, o jugo torna-se suave e leve, e agradável o fardo que Jesus impõe aos seus seguidores (cf. 1Jo 5,3). Este “jugo” é o Espírito Santo, que não sobrecarrega, mas antes cura, liberta, renova e salva os que creem em Jesus, fazendo‑os caminhar numa vida nova (cf. Rm 7,6; 8,1-17; Gl 5,1. 18; 2Cor 3,17s), pondo em prática “o fardo leve”, agradável, do mandamento novo do amor (cf. Jo 13,34; 1Jo 5,1-4), indo ao encontro de Jesus com fé viva, esperança firme e caridade ardente, na expectativa do encontro com Ele na plenitude final (cf. Rm 8,21).
Ler o texto uma segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?
- Esforço-me por escutar o Pai? Tenho o coração aberto à sua vontade ou fecho-me no meu egoísmo, nos meus preconceitos e na minha autossuficiência, procurando construir uma vida à margem de Deus?
- Louvo a Deus, procurando ser uma testemunha profética do Seu amor ou escondo-me no meu cantinho, queixando-me dos tempos em que vivemos, esquecendo o compromisso com Deus e com o Reino?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que ela inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 27, 1.4.7-9.13-14 (R. 13)
Refrão: Espero vir a contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos.
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei de temer?
O Senhor é o protetor da minha vida:
de quem hei de ter medo? R.
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário. R.
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica,
tende compaixão de mim e atendei-me.
A vossa face, Senhor, eu procuro:
não escondais de mim o vosso rosto. R.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Escutai benignamente, Senhor, as nossas orações, para que, ao confessarmos a nossa fé no vosso Filho, ressuscitado de entre os mortos, seja fortalecida a nossa esperança na ressurreição dos vossos servos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria (ou outra invocação mariana)...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na nossa vida)
Fr. Pedro Bravo, oc