
Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Mateus (24,37-44)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 24,37«Assim como foram os dias de Noé, assim será a vinda do Filho do homem. 38Porque, assim como nos dias antes do dilúvio comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca 39e de nada se aperceberam até que veio o dilúvio, que a todos levou, assim será também a vinda do Filho do homem. 40Então, dois estarão no campo: um é levado e o outro deixado; 41duas estarão a moer no moinho: uma é levada e a outra deixada. 42Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia o vosso Senhor vem. 43Sabei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite o ladrão vem, teria vigiado e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais vem o Filho do homem».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
O texto de hoje faz parte do “discurso escatológico de Jesus” (<gr. éscaton, “fim” + lógos, “discurso sobre”), o seu quinto e último discurso no Evangelho de Mateus (24-25). Nele Jesus fala do “fim dos tempos” e anuncia a sua “vinda”. O fim dos tempos” (1Pd 1,20) não é o fim do mundo (que vem no sing. “o fim do tempo”: 28,20), mas o “tempo do fim” (Dn 8,17.19; 11,35.40; 12,4.9), ou seja, o tempo em que o Messias vem, em que se cumprirão as promessas da Escritura e será definitivamente instaurado o Reino de Deus.
O presente texto pertence ao género apocalíptico (gr. apocálipsis, “revelação”), no qual se sobrepõem dois planos: 1) o plano temporal, marcado por acontecimentos terrenos, cujo sentido oculto é revelado (“descoberto”) à luz 2) do desígnio eterno e salvífico de Deus, que preside à história e rege os acontecimentos como Senhor de tudo. Este tipo de textos, típico das épocas de perseguição, tem por objetivo fortalecer as comunidades, ensinando-as a caminhar com fé e esperança no meio das vicissitudes muitas vezes adversas da história, lendo profeticamente os sinais dos tempos à luz da Palavra de Deus (v. 35), para ir confiadamente ao encontro do Senhor, com os pés bem assentes na terra, desempenhando fielmente a missão que Ele lhes confiou, certas de que a vitória final é de Deus e dos que perseveram no seu serviço.
No séc. I muitos cristãos pensavam que a vinda do Senhor estava próxima e que o mundo não tardaria a acabar. Jesus nunca o afirmou (bem como os apóstolos: 2Ts 2,2; 2Pd 3,4-9), mas exorta-os a “vigiar”, a estar despertos e preparados, atentos à Sua voz, prontos para O acolher, sem se deixarem surpreender pela sua “vinda”. Para isso usa três quadros.
- v. 37. «Assim como foram os dias de Noé, assim será a vinda do Filho do homem.
O primeiro quadro (vv. 37ss: Lc 17,26s.30), de alcance cósmico, é o da humanidade na época de Noé. “Nos dias de Noé” (Is 54,9) a maldade e a violência cresceram (Gn 6,11ss), mas as pessoas anestesiaram a consciência, desprezando os apelos de Deus, para seguirem as más inclinações do seu coração, preocupando-se apenas consigo mesmas, atoladas nas coisas terrenas e indiferentes à sorte dos outros.
- v. 38. Porque, assim como nos dias antes do dilúvio comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca
“Os dias antes do dilúvio” teriam somado 100 anos (Gn 5,32: “Noé tinha 500 anos”; 7,6: “Noé tinha 600 anos”). Segundo os rabinos, foram 120 anos, ao longo dos quais Deus chamou as pessoas à conversão (bSahn 108b; GnRab 30,18b; cf. Gn 6,3), usando de muita indulgência para com elas (1Pd 3,20). Mas ninguém ligou, “até ao dia em que Noé entrou na arca” (Gn 7,13),
- v. 39. E de nada se aperceberam até que veio o dilúvio, que a todos levou, assim será também a vinda do Filho do homem.
“Veio o dilúvio que a todos levou”: Gn 7,21ss; 2Pd 2,5; 3,6.
“Assim será também a vinda do Filho do homem” (v. 3). “Vinda” (gr. parusía; lat. adventus), significa ao mesmo tempo “vinda” e “chegada”. Jesus vem sempre, manifestando já agora na vida e na história dos homens a sua presença, a qual, porém, só será plenamente revelada no último dia, quando “o Filho do homem vier na sua glória” (25,31).
“O Filho do homem” (Mt, 30x) é a figura de Dn 7,13s com que Jesus veladamente se apresenta como o Messias que assume a nossa condição humana, partilhando o nosso sofrimento e morte, para recapitular em si todas as coisas e instaurar definitivamente o Reino de Deus, reconduzindo o homem a ele. Há que estar atentos aos apelos de Deus na própria vida, para não passar ao lado do que é importante e não ser surpreendido pelos acontecimentos. Os dois quadros seguintes mostram que a vinda de Jesus já se vai realizando no nosso dia-a-dia, requerendo de cada um uma resposta pessoal (cf. Ez 14,14.20ss), até que chegue o momento do encontro final e definitivo com Ele.
- v. 40. Então, dois estarão no campo: um é levado e o outro deixado;
O segundo quadro (vv. 40-42: Lc 17,34s) refere-se à “vinda intermédia” do Senhor, ou seja, da vinda de Jesus ao longo da história. Jesus apresenta duas ocupações típicas da existência quotidiana: uma, é a dos homens, o trabalho agrícola.
- v. 41. Duas estarão a moer no moinho: uma é levada e a outra deixada.
A outra é a das mulheres, a moagem do trigo. O Senhor vem ao encontro de cada pessoa, no seio da sua própria vida e trabalho. O trabalho, necessário à subsistência humana, não é, porém, um fim em si mesmo, não podendo ocupar de tal forma o coração do cristão que o desvie do seu cuidado primordial: acolher o Senhor que vem na pessoa do próximo (cf. 25,40.45) e “caminhar com Ele” (Gn 6,9), dia após dia, colaborando com Ele na difusão do Evangelho e na edificação do seu Reino neste mundo.
- v. 42. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia o vosso Senhor vem.
v. 42: v. 44; 25,13; Mc 13,33.35.37; Lc 21,36. Jesus exorta, por isso, à vigilância, numa constante disponibilidade para o serviço, pois ninguém sabe “o dia em que o vosso Senhor vem”, como disse no início: “daquele dia e hora ninguém sabe” (vv. 36. 50). A “vinda” do Senhor é certa, mas a hora incerta. De facto, a vinda de Jesus é um processo contínuo, universal, que não se limita a um tempo, nem a um lugar (24,23), mas que está sempre em curso, em diferentes lugares e vicissitudes, até que Jesus se manifeste plenamente, vindo na Sua glória.
- v. 43. Sabei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite o ladrão vem, teria vigiado e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.
vv. 43-44: Lc 12,39s; cf. 1Ts 5,2.4; 2Pd 3,10. O terceiro quadro apresenta-nos o exemplo de um dono duma casa que adormece e deixa que a sua casa seja “arrombada” por um ladrão durante uma a “hora da noite” (lit. vigília, uma das quatro partes em que os romanos dividiam a noite) em que não contava. Os cristãos não podem deixar-se embalar, nem adormecer por ideologias, modas, rotinas, acontecimentos da vida ou da história, pois isso pode levá-los a não discernir nem acolher o Senhor que vem ao seu encontro em cada situação de uma forma sempre nova.
- v. 44. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais vem o Filho do homem».
v. 44: v. 42. Jesus conclui, repetindo a exortação à vigilância feita no v. 42: “Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais vem o Filho do homem”. “Vem” aparece aqui pela terceira vez neste texto (vv. 42.43.44). O verbo está sempre no presente e nunca no futuro. A vinda do Senhor não é um acontecimento vago, situada num futuro distante, mas é uma realidade contínua, perene, sempre nova, em cada pessoa, acontecimento e vicissitude da nossa vida e história, mesmo quando estas parecerem desconcertantes. Muitos gostariam de saber “quando” e “como” será o fim deste mundo ou da sua própria vida. Para Jesus, porém, o importante não é saber isso, mas “vigiar”, estar atentos e preparados para discernir a sua presença na história e reconhecê-lo na própria vida, acolhendo-o sempre que vem ao nosso encontro na pessoa dos outros (cf. vv. 45-51), em especial, dos mais necessitados e dos que sofrem (cf. 25,31-46).
Quem vive na expectativa da vinda do Senhor apenas num tempo futuro, acaba por desligar a fé da vida e cair na passividade e indiferença, descurando o ardor da caridade. Quem está vigilante, atento e preparado, não fica parado, mas vai ao encontro do Senhor que em tudo vem ao seu encontro, sem se prender aos bens temporais, nem se deixar seduzir pelas falsas seguranças e as promessas ilusórias do mundo, levando assim a cabo, dia após dia, a missão que Deus lhe confiou, empenhando-se com diligência e responsabilidade na difusão do Reino de Deus sobre a terra, aguardando confiadamente a plenitude do encontro final com o Senhor. Porque, como diz S. Agostinho: “Ele virá, quer queiramos, quer não; o facto de não vir agora não quer dizer que não virá. Virá, e não sabes quando; se te encontrar preparado, nada te prejudica não saberes quando virá” (En. Ps. 95,14).
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha... e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?
- stará próximo o fim do mundo? Que sinais apontam as pessoas para dizer que ele está perto? Como responder aos que procuram predizê-lo?
- O que significa para mim “estar vigilante”, “atento” e “preparado” para acolher o Senhor que vem? O que é que na minha vida me distrai do essencial e me impede de o fazer?
- Que força me anima a manter-me firme e a crescer na esperança?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que ela inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 122,1-2.4-9 (R. cf. 1)
Refrão: Iremos com alegria para a casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém. R.
Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo o costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David R.
Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios». R.
Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem pela prática das boas obras para irem ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita, mereçam alcançar o reino dos céus. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na nossa vida)
Fr. Pedro Bravo, o.carm.