
Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (21,5-19)
21,5Estando alguns a comentar que o Templo estava ornado com belas pedras e ofertas votivas, 6Jesus disse: «Dias virão em que, destas coisas que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra que não venha a ser destruída». 7Interrogaram-no então, dizendo: «Mestre, quando sucederão estas coisas e qual será o sinal de que elas estão para acontecer?». 8Ele disse: «Vede que não vos deixeis enganar. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘sou Eu!’; e: ‘o momento está próximo!’. Não vades atrás deles. 9Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não fiqueis aterrorizados: pois é necessário que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». 10Disse-lhes então: «Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino. 11Haverá grandes terramotos e, por toda a parte, fomes e pestes; haverá fenómenos aterradores e também grandes sinais vindos do céu. 12Mas antes de tudo isto, hão de deitar-vos as mãos e perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, levando-vos à presença de reis e de governadores, por causa do meu nome. 13Isto será para vós ocasião de dar testemunho. 14Assentai, pois, nos vossos corações: não preparareis a vossa defesa, 15porque Eu vos darei uma boca e uma sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. 16Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos e matarão alguns de entre vós. 17E sereis odiados por todos por causa do meu nome, 18mas nem um só cabelo da vossa cabeça se perderá. 19É pela vossa perseverança que ganhareis as vossas vidas».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
Estamos em Jerusalém, no átrio do Templo (v. 1; Mt 24,3 e Mc 13,3: “monte das Oliveiras”) a poucos dias da paixão de Jesus. Tal como em Mt 24-25 e Mc 13, também Jesus conclui a sua pregação em Lucas com um “discurso escatológico” (do gr. éscaton, “último”), ou seja, relativo ao “tempo do fim” (Dn 8,17.19; 11,35; 12,4.9.13), o “tempo da realização” do desígnio de Deus, inaugurado pela paixão, morte e ressurreição de Cristo.
Neste discurso escatológico conjugam-se três momentos da história da salvação: 1) a tomada do Templo e de Jerusalém; 2) o tempo da missão da Igreja e 3) a Vinda do Filho do Homem na glória, “o Dia" (“Dia do Senhor/de Cristo”) em que o tempo dará lugar à plenitude final.
- v. 5. Estando alguns a comentar que o Templo estava ornado com belas pedras e ofertas votivas.
(vv. 5-6: Mt 24,1-2; Mc 13,1-2). Restaurado de forma magnífica, por mandato de Herodes I, a partir do ano 19 a.C. e ornado “com ofertas votivas” dos fiéis (cf. 2Ma 2,13; 3Ma 3,17), o templo de Jerusalém – cujas obras foram oficialmente concluídas em 9 d.C., mas só terminaram em 63 d.C. –, encantava pela grandiosidade e beleza das suas construções.
- v. 6. Jesus disse: «Dias virão em que, destas coisas que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra que não venha a ser destruída».
Aproveitando a conversa de “alguns” (subentende-se: 'dos seus discípulos'), Jesus profetiza a destruição do templo (o que acontecerá no ano 70 d.C.). Para os profetas, Jerusalém é o lugar onde deve irromper a salvação divina (cf. Is 4,5s; 54,12-17; 62; 65,18-25) e para onde hão de convergir as nações que dela quiserem participar (cf. Is 2,2s; 56,6ss; 60,3; 66,20ss). Mas ao rejeitar a oferta de salvação que Deus lhe fez em Jesus (cf. 13,34s), ela deixou de ser o lugar definitivo da salvação, sendo sinal disso a destruição do Templo. Dele assevera Jesus que não ficará “pedra sobre pedra” (19,44). Começa então uma nova etapa da história da salvação, “o tempo da Igreja”, durante o qual ela se deverá estender a toda a terra, levando a Boa-nova da salvação, o Evangelho, a todas as nações (cf. 24,47; At 1,8).
- v. 7. Interrogaram-no então, dizendo: «Mestre, quando sucederão estas coisas e qual será o sinal de que elas estão para acontecer?»
(vv. 7-19: Mt 24,3-14; 10,17-22; Mc 13,3-13). Os discípulos interrogam então Jesus sobre a ocasião em que isso deverá acontecer e sobre “o sinal” divino (vv. 11.25; 2,12.34; cf. Gn 9,17; Ex 3,12; 2Cr 32, 24; Sl 65,9; Sb 8,8; Is 7,14; 11,12; 66,19; Dn 4,37) que lho dará a conhecer.
- v. 8. Ele disse: «Vede que não vos deixeis enganar. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘sou Eu’; e: ‘o momento está próximo’. Não vades atrás deles.
Jesus responde-lhes com uma exortação profética sobre “o tempo da Igreja” que culminará com a sua “Vinda” (gr. parusía, lat. adventus: 1Ts 3,13; 1Cor 15,23) na glória (v. 27). Como será este tempo e como vivê-lo?
Jesus começa por os exortar a não se deixarem “enganar”. O verbo grego aqui utilizado (gr. planáô, “seduzir”, “transviar”) é típico da literatura apocalíptica: tanto alude às seduções messiânicas ou dos falsos profetas (cf. Mt 24,4s.11.24; 2Pe 2,15; Ap 2,20), como às diabólicas, pecaminosas ou políticas (cf. Sr 15,12; Sb 11,15; 14,22; 2Tm 3,13; Ap 12,9; 13,14; 20,3.8.10) e às doutrinais (cf. Sb 5,6; Tg 5,19; 1Jo 2,26; 3,7).
Jesus adverte-os, dizendo que surgirão falsos messias – “sou Eu!” – e falsos profetas – “o momento (gr. kaipós, "momento/tempo oportuno") está próximo!” – (cf. At 5,36; 1Jo 2,18; 4,1s; Ap 19,20), que predirão o fim do mundo como estando iminente (cf. Ez 7,7; Sf 1,14; 2Ts 2,2), com discursos sensacionalistas, manipuladores (o que é típico de épocas de crise e de catástrofes), e exorta-os a não se deixarem transviar pelas palavras deles (cf. 1Cor 15,33), nem a andar atrás deles ou segui-los (17, 23; 2Tm 4,3; 2Pd 2,1).
- v. 9. Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não fiqueis aterrorizados: pois é necessário que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim».
Feita a advertência, Jesus anuncia o que deverá acontecer neste tempo de espera em que vivemos, “os últimos dias” (Dn 2,28). Não se trata de uma profecia depois dos acontecimentos (prophetia ex post facto), mas de um anúncio profético em que Jesus que recorre a imagens bíblicas apocalípticas (do gr. apokálypsis, “revelação”), muito usadas na época, para falar da queda do mundo velho (o mundo do pecado) e o despontar de uma nova era.
Haverá “guerras e tumultos” (gr. akatastasía: 1Cor 14,33; 2Cor 6,5), ao longo da história e em diversos lugares, como Deus previamente anunciou (gr. deĩ). “Mas não será logo o fim” (gr. tó télos, “a realização”, a plenitude final: Dn 9,26; cf. Dn 12,13 LXX; Mt 28,20). O cerco de Jerusalém poderia levar alguns cristãos a ver aí o prenúncio da última vinda de Jesus. Mas Ele adverte-os que não se devem alarmar com as convulsões da história e as revoluções sociais, pensando que o fim de tudo é com elas que vai chegar.
- v. 10. Disse-lhes então: «Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino.
Jesus continua, fazendo uma resenha de passagens bíblicas: “Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino” (Is 19,2; 2 Cr 15,6).
- v. 11. Haverá grandes terramotos e, por toda a parte, fomes e pestes; haverá fenómenos aterradores e também grandes sinais vindos do céu.
Haverá “grandes terramotos” (Ez 38,19.22), “coisas aterradoras” (Is 19,17) e “grandes sinais” (Dn 3,32s; 4,34=4,2s.37 LXX) “vindos do céu” (cf. Is 7,11; Dn 6,28; Br 6,66).
Com esta sequência de citações bíblicas, Jesus não quer dar uma ante prima do fim do mundo, mas ensinar os discípulos a fazer uma leitura profética dos acontecimentos, à luz da Palavra de Deus (12,56; Mt 16,3), de modo a aí eles poderem perceber o desígnio de Deus, a fim de viver neste mundo com esperança, fazendo a vontade do Pai.
- v. 12. Mas antes de tudo isto, hão de deitar-vos as mãos e perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, levando-vos à presença de reis e de governadores, por causa do meu nome.
v. 12: cf. Dn 7,25; 8,24. Em terceiro lugar, Jesus adverte os discípulos das dificuldades e perseguições que assinalarão a caminhada da Igreja desde o início do seu percurso até ao fim dos tempos. Para isso, Lucas usa termos que serão repetidos nos Atos dos Apóstolos: “hão de deitar-vos as mãos”, ou seja, hão de prender-vos (20,19; At 4,3; 5; 12,1; Mt 26,30; Jo 7,30.44); “e perseguir-vos” (11,49; Jo 15,20; At 8,1.3), começando por Israel, “entregando-vos às sinagogas” – nas quais se reunia um pequeno sinédrio de vinte elementos para julgar os casos menores (cf. Mt 5,22; 10,17) –, “e às prisões”, quer de Israel, quer dos gentios (At 5,18; 12,4; 16,23), fazendo-vos comparecer perante “reis e governadores”, para serdes julgados por eles (At 23,24.26.33s; 24.1.10.25s; 26,1-30), não por algum crime que tenhais feito, mas “por causa do meu nome” (v. 16; At 9,16; Jo 15,21; 1Pd 4,14), da vossa fé em mim.
- v. 13. Isto será para vós ocasião de dar testemunho.
A atitude dos discípulos perante as perseguições não deve ser de uma resignação passiva, mas proativa. Em vez de se amedrontar com elas e desanimar perante as adversidades, eles deverão ver aí o apelo de Deus a exercer a missão que Jesus lhes confiou: dar testemunho (gr. martyrion: Mt 8,4) dele e do Evangelho (24,48; At 1,8; 23,11; 26,22; 28,23; 2Tm 4,17).
- v. 14. Assentai, pois, nos vossos corações: não preparareis a vossa defesa.
v. 14: 12,11s; Mt 10,17-20. Jesus assegura-lhes (9,44) que nunca os deixará sós. Eles não deverão preparar a sua defesa, porque Ele estará sempre com eles, assistindo-os (At 18,9; 2Tm 4,17).
- v. 15. Porque Eu vos darei uma boca e uma sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer.
Jesus assisti-los-á com a sabedoria (At 6,10) e a força do seu Espírito (Jo 14,26; 15,26s), para poderem enfrentar os adversários, falar em Seu nome (cf. Ef 6,19) e resistir à prisão, à tortura e à morte.
- v. 16. Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos e matarão alguns de entre vós.
Nesses tempos difíceis, que são os últimos, até as relações pessoais e as amizades mais sagradas serão violadas (12,52s; Jr 9,4; 12,6; Mq 7,5s), devendo alguns discípulos ser mortos (11,49; At 7,60; 9,24; 12, 2; 26,10s; 1Ts 2,15).
- v. 17. E sereis odiados por todos por causa do meu nome.
Serão “odiados por todos” (6,22; Jo 15, 19; 17,14) “por causa do Seu nome” (v. 12), ou seja, por serem “cristãos” (cf. At 11,26).
- v. 18. Mas nem um só cabelo da vossa cabeça se perderá.
Os seus discípulos não deverão, porém, temer os adversários, porque Deus os guardará e “nem um só cabelo da vossa cabeça se perderá” (cf. 12,7; Dn 3,27). - v. 19. É pela vossa perseverança que ganhareis as vossas vidas».
E conclui: “É pela vossa perseverança que ganhareis as vossas vidas”. A perseverança (cf. 8,15; Sl 27,13; Rm 2,7; 2Ts 1,4; 3,5; Hb 10, 36; 12,1) é a firmeza, paciência e constância nas dificuldades, sofrimentos e perseguições. Nasce da esperança (cf. Rm 5,3s; 8,25; 15,4; 1Ts 1,3). Quem permanecer fiel até ao fim “ganhará a sua vida” (gr. psyquê, “alma”), pois alcançará a verdadeira vida, a vida eterna, que ninguém lhe poderá arrebatar (cf. Jo 12,24s; Rm 6,8; 2Tm 2,11; Sb 3,1-9).
Ler o texto uma segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?
- Tenho medo do fim do mundo? Porquê? Que significa ele para mim? Que ganho ou perco com ele?
- Que sinais de esperança diviso nos nossos dias, anunciando-me a irrupção do Reino? Que posso eu (que podemos nós) fazer no meu (no nosso) dia a dia para apressar a sua vinda sobre a terra?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que ela inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 98,5-9 (R. cf. 9)
Refrão: O Senhor virá governar com justiça.
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei. R.
Ressoe o mar e tudo o que ele encerra,
a terra inteira e tudo o que nela habita;
aplaudam os rios
e as montanhas exultem de alegria. R.
Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra;
julgará o mundo com justiça
e os povos com equidade. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de encontrar sempre a alegria no vosso serviço, porque é uma felicidade duradoira e profunda ser fiel ao autor de todos os bens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na nossa vida)
Fr. Pedro Bravo, O.Carm.